Esse texto não é invenção e nem vontade de polemizar; são relatos bem comuns de v1ol3ncias sutis que tenho recebido repetidamente de pessoas do meio e seguidoras. São ações nada respeitosas que podem acontecer inclusive com equipes ditas “humanizadas”, mas que acabam passando batidas durante o parto e especialmente no expulsivo. São tão disfarçadas que é comum que a mulher não se dê conta de que sofreu intervenções desnecessárias e que não teve suas vontades atendidas de fato.
- Pode mudar de posição, mas não muito
Obrigar a ficar em determinada posição ou sugestões e insistências exageradas para manter aquela que a equipe considera melhor.
A banqueta is the new litotomia 🙄
- Pode ir para o chuveriro, mas só quando a equipe “libera”
Impedir a mulher (ou tentar) de utilizar a banheira ou chuveiro, destituindo-lhe a liberdade de fazer o que mais lhe convém, em busca de maior conforto, não só no expulsivo, mas em qualquer fase do trabalho de parto.
- Toques v4gin4is “para ajudar”
Realizar toques repetidos para checar posição do bebê, para manipular, conter, “proteger” ou “preparar” o períneo ou, ainda, ficar ostensivamente encostando nas partes íntimas da mulher (estando ela sob efeito de analgesia ou não).
Imagina o desconforto de uma mão o tempo todo “lá” na hora do parto!? 😱
- Puxos dirigidos disfarçados e fofinhos
“Continua queridinha!”
Essa “ajudinha” é muito raramente necessária – e tem outras posts aqui o feed a respeito.
- Falatório em sala de parto
Ainda que em sussurros, atrapalham demais a mulher que está concentrada e conectada.
Muita movimentação, pessoas “torcendo”, conversas paralelas inúteis também não são desejáveis e podem irritar e tirar a concentração tão necessária ao momento.
- Observação excessiva
Principalmente quando tolhem a intimidade da mulher, com muitas pessoas olhando para o períneo sem necessidade ou sem ser de alto risco e que demanda atenção (e gente) a mais.
- Manter o períneo iluminado o tempo todo
Pior que a observação excessiva é iluminar a região perineal da mulher como se fosse um show, como se o profissional conseguisse controlar o que acontece ali.
Não existe a menor necessidade de tal exposição e desconforto.
- Sugerir analgesia no expulsivo
Nem precisa explicar muito, né?
Essa sugestão pode atrapalhar bastante a fisiologia do parto e iniciar uma cascata de intervenções desnecessárias, em qualquer fase do parto.
Conseguimos dar bastante suporte não farmacológico e, principalmente, estimular a mulher a sentir que o fim já se aproxima… e acaba.