Por que tanta preocupação com qual obstetra escolher, se é humanizado ou não?
⠀
Porque há um risco grande de, além da via de parto não ser a desejada, você sofrer violência obstétrica. Recentemente, o Ministério da Saúde recomendou que o termo não seja mais usado, pois não haveria intencionalidade dos profissionais de saúde e que as práticas visariam apenas a saúde do binômio mãe-bebê.
⠀
Aham. Faz-me rir, Ministério!
⠀
A violência obstétrica não só existe, como já há jurisprudência contra ela no Brasil inteiro e, em algumas cidades e estados, inclusive há leis contra a VO.
⠀
Vamos entender do que se trata, então, a Violência Obstétrica?
⠀
A violência obstétrica é aquela que acontece durante a gestação, parto, nascimento e/ou pós-parto, inclusive no atendimento ao aborto. Pode ser física, psicológica ou verbal, além de negligência, discriminação ou condutas excessivas ou não recomendadas, muitas vezes prejudiciais e sem embasamento em evidências científicas recentes e atualizadas. Essas práticas submetem mulheres a protocolos e rotinas rígidas e muitas vezes desnecessárias, que não respeitam os seus corpos e os seus ritmos naturais e as impedem de exercer seu protagonismo.
⠀
Quer alguns exemplos da extensa lista? Veja: ⠀
– Lavagem intestinal, raspagem de pelos e restrição de dieta na hora do parto;
– Ameaças, gritos, piadas, tapas (sim, tapas);
– Impedir a mulher de se movimentar livremente e obrigá-la a ficar em posição ginecológica;
– Omissão de informações, desconsideração das opiniões padrões e valores culturais da mulher e parturientes e divulgação pública de informações que possam infantilizá-la ou prejudicá-la;
– Não permitir acompanhante de escolha;
– Não oferecer apoio para alívio da dor;
– Manobra de kristeller (tem post!);
– Episiotomia;
– Impedir o contato pele a pele da mãe com o bebê e a amamentação na primeira hora de vida (caso nascimento sem intercorrências) e/ou separá-los por protocolo.
Muitas dessas situações são tão comuns que algumas mulheres nem se dão conta da violência que sofreram. E é por isso que eu insisto: informe-se! Escolha com cuidado como será a assistência ao seu parto!
⠀
E se você foi vítima, deixo meu abraço e todo meu apoio para denunciar.
⠀
Foto: Carla Raiter