Bem-vinda ao (difícil) mundo da criação de filhos – que começa ainda na gestação, obviamente. Pra gente que vivencia intensamente a gestação, fala sobre gravidez e parto todos os dias, parece corriqueiro chegar à conclusão de que o nascimento é um evento feminino, protagonizado e decidido pela mulher. Mas, na vida real, entrar em acordo com os parceiros – pais são igualmente importantes nas decisões a respeito do bebê – nem sempre é simples.
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E não tem mesmo resposta fácil para essa questão, já que o caminho a se percorrer para entender os motivos que levam à decisão pelo parto humanizado é o mesmo para homens e mulheres. É preciso se informar, é preciso buscar, é preciso querer. É necessário travar uma batalha contra o senso comum, contra toda uma cultura cesarista. Vai ter que estudar, vai ter que aprender a fechar os ouvidos para palpites, vai ter que se esforçar. Vai ter que querer junto.
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Na prática, recomendo: muito papo, de mente e peito abertos entre o casal, muito estudo, frequentar rodas de gestantes e conversar de maneira franca e sincera com profissionais humanizados, tirando dúvidas, atenuando inseguranças, dissolvendo medos e questionando as evidências, as estatísticas. Existe uma tendência dos homens em confiar mais quando conversam ao vivo – acho que vale a tentativa. A presença do pai no pré-natal também é fundamental para que ele se prepare para o momento do parto, caso vá acompanhar. Uma doula também pode ajudar (e muito!) nesse processo – eu diria que ela é fundamental.
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Mas, antes de tudo isso, esse casal precisará ter confiança mútua: se por um lado o homem precisa saber que parto humanizado não se trata de modismo, papo de internet ou irresponsabilidade da companheira, a mulher também precisa estar segura de que seu parceiro está aberto e disposto para o novo. E há coisa mais NOVA do que a chegada de um bebê?
Machos, entendam: o que era CONFORTÁVEL, CÔMODO e CONHECIDO… ACABOU. Ser pai envolve se desconstruir profundamente, questionar os antigos saberes, se dispor a fazer mais e melhor. E este processo começa sim com as decisões a respeito do nascimento. Como seu filho será recebido ao mundo? Vai exigir muita leitura, alguma entrega e um pouco de fé. Fé não necessariamente no sentido religioso, mas no sentido de confiança: no organismo, na mulher, no que é fisiológico e natural e na CIÊNCIA, que nos aponta o mais seguro para mãe e bebê. Humanização não é aventura, caros pais. É a escolha mais respeitosa que seu filho poderia querer pra nascer. E só se nasce uma vez.
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Foto: @danielaleitefotografia