E o pai, ajuda?

E então, a mulher pariu. Foi para casa com o bebê nos braços, sei0s explodindo (se tiver sorte, não estarão s4ngrand0), períneo avariado, hormônios despencando na velocidade da luz, sentindo um looping constante entre “o maior amor do mundo” e “o que eu fiz da minha vida?”. Mal sabe ela que o ciclo sem fim de amamentar-trocar fralda-fazer dormir acaba de começar, e vai continuar por um bom tempo num repeat infinito.

O pai, com boa vontade, acorda às vezes para trocar a fralda e ninar a criança enquanto a mãe engole rapidamente uma comida gelada. Mas na madrugada, enquanto ela amamenta pela 15ª vez, ela olha para o bebê dormindo em seu peito – se mexer, ele acorda, DEUSULIVRE! Então melhor ficar imóvel mesmo – e olha para o marido roncando profundamente. Solidão.

Cinco dias após o nascimento, o pai já volta ao trabalho. Lá, ele pode se concentrar sem bebê chorando ou música da Galinha Pintadinha ao fundo. Pode tomar um café quentinho para desanuviar a mente e até ir ao banheiro quando sente vontade. Claro, chega em casa super cansado do dia exaustivo de trabalho. E encontra seu bebê banhado, com roupa limpinha, de barriga cheia e às vezes até já dormindo – um verdadeiro anjinho! Já a mãe… bem, ela não tá tão banhada, nem com a roupa tão cheirosa e certamente não descansada – vê-se pelo tom escuro das olheiras.

Já que ela está em casa o dia inteiro, pode estar com a casa arrumada, louça lavada e comida fresca na mesa esperando – pensa o papai… Afinal, ela SÓ está cuidando do bebê, não faz mais nada, não é mesmo? Mas então por que tá essa bagunça, roupas sujas transbordando, ifood de novo e nem o lixo cheio de fralda suja ela tirou?

Aí chega a visita para conhecer o novo membro da família. E invariavelmente vem a pergunta: “o pai ajuda?”

A mãe, com um sorrisinho amarelo, responde logo: “Claro que sim! Até troca fralda!”

“Nossa, que paizão! Melhor do mundo, que sorte você tem!”

Pois é, merece até uma medalha por fazer menos que o mínimo…

*Crônica fictícia, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência – ou nem tanto 👀

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