Sangramentos no primeiro trimestre da gravidez são muito comuns, muito mais do que se imagina. O que não se sabe é que, em geral, esses sangramentos não significam nada e, com frequência, não trazem riscos para a gestação, para o feto ou para a mãe.
É claro que uma parcela desses sangramentos, principalmente se for aumentando ao longo dos dias, se durar muito tempo ou se for exacerbado, com volume de sangue muito alto – mais do que em uma menstruação ou hemorragia – existe a possibilidade de evolução para um aborto espontâneo e aí sim a avaliação médica pode ser necessária.
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Mas, geralmente, sangramento isolado de primeiro trimestre não precisa de investigação, não demanda fazer ultrassom, medicação, repouso… nada. Muito menos o deslocamento até uma emergência. Só precisa ter calma.
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Mas por que então os sangramentos acontecem?
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– Colo do útero: o colo fica mais frágil e amolecido (friável, em linguagem técnica) e, assim, alguns vasinhos da região podem se romper e sangrar espontaneamente (especialmente após relações sexuais – que não estão proibidas!). Aliás, sabidamente abstinência NÃO protege contra aborto. ⠀
– Nidação: o sangramento também pode ocorrer devido à implantação do embrião na parede uterina.
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– Hematoma: pode ser de origem retroplacentária ou retrocoriônia – a depender da idade gestacional. Os tão temidos (e comuns) hematomas muitas vezes não são visíveis nem à ultra e, em outras tantas vezes, sangram e se resolvem antes mesmo que se possa verificar. A maior parte dos hematomas é pequena, menor que 3-4cm e de resolução espontânea; são reabsorvidos e a gestação progride normalmente. A maioria não leva à perda gestacional. Se for o caso de um sangramento aumentado, que perdure por muitos dias ou que esteja associado a cólicas fortes, vale a pena fazer uma ultrassonografia transvaginal, a fim de excluir a presença de um hematoma significativo (já que estes sim estão relacionados a maior frequência de perdas) ou um abortamento em curso.
Mas, de qualquer maneira, não existe evidência de que qualquer medida que se tome seja realmente eficaz para prevenir/brecar um aborto.
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É isso mesmo que você leu: se o aborto tiver de acontecer, ele vai acontecer a despeito de tudo que se faça. Repouso, progesterona ou qualquer outra medida que se tente – nada disso evita abortamentos. É bom lembrar que algo em torno de 20-25% das gestações pode culminar em aborto e não é por culpa da mãe ou de algo que se tenha feito: é a natureza seguindo seu curso e resolvendo problemas incompatíveis com a vida, como por exemplo fetos mal implantados, problemas genéticos etc.
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Em caso de sangramento, portanto, observação e vida normal! Pode continuar trabalhando, se exercitando, amamentando, fazendo sexo etc. Se você sentir vontade de pegar leve, também pode, mas sempre lembrando que essa atitude servirá mais para você se sentir bem do que para a gestação em si. Acalme seu coração! ❤