Indução de parto: que você precisa saber antes de realizar.

Fala-se pouco ou quase nada sobre indução de parto, principalmente porque demanda três premissas básicas raras no cenário obstétrico atual: individualização, decisão compartillhada e paciência. Explico a seguir.

A indicação da indução e a forma como será conduzida deve ser personalizada, baseada em evidências e diretrizes atuais, séria e debatida entre equipe e família. 

Nem todos os profissionais dominam todas as técnicas e tampouco as combinam e insistem na indução, devo dizer. 

Existem técnicas de indução mais “naturais” e pouco (ou nada) invasivas, como:

  • Acupuntura,
  • Chás,
  • Homeopatia
  • Descolamento de membranas
  • Óleo de rícino

Para essas técnicas existem pouca evidência ou evidência de baixa qualidade (à exceção do descolamento, que tem evidência robusta).

Por outro lado, existem técnicas farmacológicas, que demandam internação hospitalar, e também técnicas de indução mecânicas, bastante seguras se indicadas com precisão, a exemplo:

  • Prostraglandinas (misoprostol oral ou vaginal e dinoprostone – propess),
  • Ocitocina venosa (sempre em bomba infusora!) ou
  • Método de Krause (sonda com balão, seja sonda de Foley ou a comercial).

Mulheres com cesariana prévia podem E DEVEM ser induzidas!

Porém as opções podem ser mais limitadas e devem ser usadas com mais cautela e vigilância, devendo-se dar preferência ao balão, com ou sem ocitocina combinada, em metade da dose utilizada pra quem não tem cesariana anterior.

Majoritariamente a “falha de indução” ocorre pela falta de paciência em esperar o tempo necessário ou não se tem a disponibilidade/segurança para aguardar a performance do método de indução ou mesmo trocar ou combinar métodos ao longo do processo.

Induções com prostaglandinas, por exemplo, demandam, no mínimo, 48 horas de administração para aí sim considerar-se alguma falha.

Na verdade, não é raro que induções demorem alguns dias para “pegar” e, ao longo do processo, verifica-se frequentemente como o bebê “reage” (se a frequência cardíaca segue tranquilizadora) e como o colo se modifica, além da presença ou não de contrações dolorosas.

Se métodos isolados ou a combinação e troca entre eles não surtir qualquer efeito e ainda assim a gestação precisar ser interrompida, a cesariana é indicada – mas é sempre o último recurso (e é BEM raro que se precise de verdade).

Você também precisa saber que tem muitos profissionais por aí que interpretam cardiotocografias de maneira errônea e/ou não sabem conduzir adequadamente induções de parto.

No caso de gestações prolongadas ou bolsa rota (que, a priori, não são indicações absolutas de interrupção), as condutas devem ser individualizadas e a família totalmente envolvida nas decisões tomadas. E é bem mais comum se precisar indicar cesariana em caso de frequência não tranquilizadora do que por falha de indução real (ainda assim não é frequente, tá?).

São questões bastante específicas e que, infelizmente, acabam ficando “escondidas” quando se debate sobre o que pode acontecer em um parto.

Por fim, faço questão de reforçar: dieta balanceada, pobre em açúcares e farinhas refinadas e prática de atividades físicas desde o início da gestação são fundamentais para que se diminuam as chances da gravidez se prolongar, bem como riscos de condições como diabetes gestacional, macrossomia fetal e pré-eclâmpsia – o que tornaria essas gestações fortes candidatas à interrupção antes do trabalho de parto espontâneo.

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