Minha mãe rompeu bolsa fora de trabalho de parto, apresentou pródromos leves, e em poucas horas foi indicada cesárea com 2-3cm de dilatação, por “não ter passagem” – esse é o relato dela.
Nasci com peso normal, de uma gestação de risco habitual em mulher completamente saudável, que referiu “ter sentido todas as dores”, mas não ter tido “passagem”. Eu, após formada como obstetra, concluí que ela logo evoluiria pra fase latente e ativa, especialmente por já ter rompido a bolsa. Mas não deixaram o parto acontecer…
Esse é o cenário mais comum, ainda nos dias de hoje. A nossa geração (hello, 80/90s) nasceu dessa forma, quando a cesariana se tornou via de nascimento “preferida”, enquanto o parto normal foi pintado como perigoso e desnecessário. E meu nascimento não escapou dessa estatística.
Corta pra 2024.
Agora, minha lut4 como profissional, é justamente a mudança desse cenário.
Hoje sou médica obstetra, formada em 2010 pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Já atuei pelo SUS. Também fui médica militar temporária pela Força Aérea Brasileira. Agora, atuo unicamente na medicina privada, embora sinta bastante falta de atuar pelo SUS.
Sou diretora da @casapitangarj , uma clínica de atendimento multidisciplinar e olhar humanizado para a mulher e sua família.
Para democratizar o acesso a um atendimento humanizado, coordeno administrativamente, em conjunto com @caroline.loiss , o @projetosementedepitanga , idealizado por nós.
E para disseminar informações de qualidade, além de tudo o que trago diariamente aqui nesse perfil, também ofereço o Curso de Preparação para o Parto, com aulas ministradas por mim e por diversos professores convidados, referências em suas áreas de atuação.
Luto, incansavelmente há mais de 14 anos, para combater o sistema cesarista que engana, prejudica, m4t@ e gera danos físicos e emocionais por vezes irreversíveis em mulheres e bebês. Que rouba partos e o protagonismo de inúmeras gestantes, como fizeram com minha mãe no meu nascimento, expondo nós duas a riscos completamente declináveis.
Não vou parar até fazer o máximo que conseguir. E não estou sozinha. Vamos em frente!