Será que existe vagina tão apertada que torne o parto normal muito difícil ou mesmo impossível? A resposta é bem simples: não! Vamos ao básico: a vagina é um canal fibromuscular sustentado pela musculatura do assoalho pélvico, preparado para contrair e relaxar conforme a demanda.
O que existe (e não é mimimi) é uma condição chamada vaginismo, que se trata de contrações espasmódicas e involuntárias da musculatura do assoalho pélvico, muitas vezes de maneira bem intensa, geralmente ocorrendo em resposta a algum estímulo externo (toque, espéculo vaginal) ou mesmo em contatos sexuais, como inserção de dedo, língua ou pênis do parceiro. É uma afecção com possíveis danos psicossociais bem sofridos para a mulher e na quase totalidade dos casos tem cunho emocional – alguns deles relacionados a traumas ou violências sexuais ou a criação extremamente religiosa/repressora.
A boa notícia é que o vaginismo tem sim tratamento, embora demande paciência e tempo. Se possível, deve ser realizado com equipe multidisciplinar constituída por psicólogo, psiquiatra (se preciso), fisioterapeuta pélvica, sexólogo e ginecologista. Quando bem conduzido, o vaginismo não impede ou dificulta o parto normal e, com o tempo e avanço do tratamento, a mulher consegue iniciar, retomar ou melhorar muito sua vida íntima e sexual.
De qualquer maneira, o ideal para quem tem vaginismo é buscar acompanhamento profissional ainda durante o planejamento para engravidar ou, se não for possível, logo no comecinho da gestação. É importante também lembrar que o parto é um evento visceral e fisiológico que, se não atrapalhado por agentes externos, acontecerá natural e espontaneamente, ainda que exista a possibilidade de se arrastar um pouco mais caso a condição não esteja 100% tratada.
Devo ressaltar, por fim, que mulheres com “vagina apertada” (existe?) ou que sofrem de vaginismo não tem qualquer indicação de episiotomia para “ajudar”(spoiler: não há nenhuma indicação de episiotomia em caso algum) e menos ainda de cesariana.
😉