Será que o medo é uma boa base para se tomar decisões?
É comum ouvir sobre cesarianas, pessoas afirmando não quererem ou certamente não conseguirem parir e, entre elas, destaca-se algo em comum: o MEDO. São medos diferentes. Alguns mais comuns e corriqueiros, outros baseados em histórias de familiares e amigas próximas e, ainda, aqueles vivenciados em experiências próprias anteriores. Todos justificáveis, todos têm base em algo, não foram inventados, não surgiram do nada.
Ter medo do parto é esperado: o medo é parte do que nos faz humanas, é o que evita que tomemos decisões ruins ou arriscadas para nós mesmas e nossa prole. Mas o medo, na sociedade e no contexto em que vivemos, é muito mais criado e externo do que mecanismo inteligente de proteção. Afinal, quem nunca ouviu uma história trágica do parto de alguém? Quem nunca foi velada ou claramente ameaçada pelo profissional que deveria estar cuidando e protegendo? Aliado a tanto, a alta taxa de morbimortalidade materno-fetal no país e a facilidade enorme de acesso às cirurgias cesarianas, basicamente nos empurradas goela abaixo, temperam o prato cheio para…mais medo. Exibe-se o parto vi0 lent0 para se venderem cesarianas, isso é clássico.
O que essencialmente acalma e atenua o medo é justamente o que tento dar aqui todos os dias: INFORMAÇÃO. Informação de verdade. É a capacidade de separar verdade de mito, evidência de crendice; é entender o mínimo sobre fisiologia, saber o que esperar de nossos corpos e cercar-se (sim) de segurança e bons profissionais para o caso de a ajuda ser realmente necessária.
Ter menos medo, saber lidar com ele, não é se tornar aventureira ou guerreira. É tornar-se consciente, empoderada de si. Quanto mais você souber, menos medo terá. Por outro lado, quanto menos souber, mais espaço sobrará para se assustar com histórias ruins e lógicas difusas que não fazem sentido algum.
Cada informação nova é um medo sendo quebrado. Cada pequena etapa de consciência, é você tomando conta do que realmente te pertence: seu corpo, sua história, seu bebê.
