O que é a pré eclampsia? Bem diferente da HAS, embora não conheçamos completamente sua fisiopatologia, sabemos tratar-se de uma doença PLACENTÁRIA e de ordem multissistêmica progressiva, caracterizada por um aumento de PA e proteinúria maternas, de início na segunda metade da gestação ou puerpério (80% dos casos aparecem no termo) e com evolução mais rápida e agressiva que a HAG.
E quais os fatores de risco pra desenvolvimento da doença? – Diagnóstico de PE em gestação anterior; – HAS;
– Obesidade;
– Gemelaridade;
– Antecedente materno de PE; – Primiparidade (1a gestação);
– Idade superior a 35 anos; – Diabetes Mellitus 1 ou 2;
– Doença renal crônica;
– Doenças autoimunes.
A pré-eclâmpsia pode trazer alguns riscos para a gravidez, tais como: – Maior chance de insuficiência placentária;
– Maior risco de CIUR (crescimento intrauterino restrito);
– Oligrodramnia/adramnia;
– Alterações no doppler, por conta da circulação placentária que pode vir a ser prejudicada e insuficiente;
– Prematuridade, no caso de ser necessária interrupção da gravidez antes do termo (em casos mais graves); Se o diagnóstico de pré-eclâmpsia for confirmado, o manejo se dará de maneira similar ao de hipertensão gestacional, com aferições diárias de PA e seguimento próximo por meio de exames laboratoriais, ultrassom com doppler e cardiotocografia, além de vasta informação parava família sobre sinais de alerta e quando procurar a emergência.
Se o diagnóstico de pré-eclâmpsia for positivo, está indicada a indução do parto ATÉ 37 semanas de gestação, naturalmente após provas de vitalidade fetal (CTG e doppler). E eu pontuo ATÉ 37 semanas porque existe a possibilidade de descompensação materna ou fetal antes disso, o que demanda indução imediata, especialmente se após as 34s (cabe individualização se prematuridade extrema).
De qualquer maneira, NÃO se trata de indicação de cesariana, mas sim de indução do parto. Inclusive, tomem ciência: proceder uma cirurgia em mulher com qualquer síndrome hipertensiva, especialmente pré-eclâmpsia, sem o adequado tratamento e estabilização prévios (em casos mais graves) configura má prática médica. Dessa forma, antes de se proceder a cirurgia, se de fato indicada, é mandatária a coleta imediata de exames laboratoriais, medicação anti-hipertensiva venosa e administração de sulfato de magnésio (um anticonvulsivante) por no mínimo 4h para adequada estabilização. A cesariana estaria reservada para casos em que não se possa garantir a vitalidade fetal (CTG e/ou Doppler alterados) perante o processo de indução ou quando não se conseguem estabilizar os níveis de PA através das medicações endovenosas, demandando assim, nascimento imediato após resultados de exames laboratoriais e dose de ataque do sulfato de magnésio.
Diferente da HAS, a pré-eclâmpsia, por tratar-se de doença placentária, só se resolve quando da resolução da gestação e dequitação da placenta. Grande parte retorna a seus níveis tensionais normais logo após o nascimento, mas algumas mulheres demoram um pouco mais pra se recuperar das alterações da pressão arterial e precisam de acompanhamento e alta tardia, necessitando ou não de medicação via oral por algumas semanas. Outras permanecem hipertensas após o puerpério (primeiras 6 semanas pós-parto), podendo chegar a 6 meses de pós parto com alterações de PA e uso de medicação. Não há como prever a evolução pós parto de cada mulher e portanto, é necessário avaliar e conduzir individualmente. Após as 6 semanas do puerpério, cabe encaminhamento ao cardiologista para posterior seguimento.
E o que acontece caso a pré-eclâmpsia evolua e se torne algo mais grave? No próximo post, falarei sobre síndrome HELLP, iminência de eclâmpsia e eclâmpsia.
Musa: @bapompeo