Hipertensão Gestacional (HAG), por definição, é caracterizada pelo aumento da pressão arterial de maneira transitória na gestação (em geral), após a 20ª semana. Para o diagnóstico, são necessárias, no mínimo, duas aferições alteradas de pressão arterial com intervalo mínimo de 4h entre elas, com pressão sistólica maior ou igual a 140 e/ou diastólica maior ou igual a 90.
A questão, neste caso, é que a HAG e a pré-eclâmpsia (sobre a qual falarei com mais detalhes no próximo post) podem começar da mesma maneira. A distinção entre elas é fundamental para diagnóstico e se dá apenas com a continuidade dos exames. São necessários: exame de urina (proteinúria de 24 horas) e exames laboratoriais de sangue, para avaliação de plaquetas e das funções renal e hepática, buscando outros marcadores de gravidade. Muito embora a definição verse sobre alterações na pressão arterial a partir da 20ª semana, o fechamento do diagnóstico de hipertensão gestacional e/ou pré-eclâmpsia se dá mais frequentemente no terceiro trimestre da gestação e muito raramente, em condições de exceção, antes da 20a semana.
É fundamental saber que qualquer síndrome hipertensiva na gestação é, em geral, assintomática. Muitas vezes, só fica sintomática de verdade quando o quadro já está muito grave. Por isso é tão importante o acompanhamento adequado de pré-natal, em que não só se afere a pressão arterial, mas também se conjuga com história pessoal e familiar da mulher e analisam-se criteriosamente seus exames de rotina.
Caso a hipertensão gestacional seja confirmada (em se afastando pré-eclâmpsia), a gestante deverá acompanhar diariamente sua pressão arterial, fazer ultrassom com doppler de maneira periódica para acompanhar crescimento fetal/líquido/vitalidade fetal e seguir-se-á a procura por evidências de pré-eclâmpsia até o final da gestação. Isso porque é sabido que de 10 a 50% dos casos diagnosticados como hipertensão gestacional irão evoluir para pré-eclâmpsia. Portanto, é mandatória a reavaliação algumas semanas depois (de 3 a 4).
Caso o quadro não evolua e permaneça apenas como hipertensão gestacional, a interrupção da gravidez está indicada, mas não há consenso absoluto a respeito. Alguns protocolos falam sobre indução no termo, às 37 semanas, já autores do UpToDate falam em flexibilização e individualização, admitindo prolongar até 39+6, se pressão arterial normal e com alterações bem pontuais e não severas, doppler normal e demais exames todos normais. Obviamente, essa decisão deve ser pactuada entre família e equipe e será mantida vigilância materno-fetal rigorosa e frequente.
Se não houver sinais de pré-eclâmpsia, mas se a pressão se mantiver alterada com frequência, interrompe-se também com 37 semanas – e é o mais seguro.
Reafirmando: HAG TAMBÉM NÃO É INDICAÇÃO DE CESARIANA.
Mas e se evoluir para pré-eclâmpsia? Destrinchá-la-ei no próximo post.