Sexo no pós-parto – Parte 1

Vamos falar sobre isso? Reuni as principais perguntas que me fazem e respondi a seguir:

Quanto tempo deve durar o resguardo no pós-parto?

Não há evidência que demonstre malefício, dano ou risco de relação sexual no pós-parto, seja ele normal ou cesariana. O tão conhecido “resguardo” ou “quarentena”, que é o período de 40 dias, comumente recomendado para que as mulheres não façam sexo, é apenas uma convenção sem base científica – e não é a única invenção sem sentido: episiotomia, parir em litotomia, dieta zero para o parto, lavagem intestinal são algumas outras que enchem o parto de mitos e medicalizam demais o que deveria ser natural. A única restrição (relativa) é para o pós-parto normal, e o que determina a aptidão para a retomada da vida sexual é a cicatrização do períneo: se a mulher sofreu (desnecessariamente) uma episiotomia ou se teve laceração perineal (suturada ou não) e ainda não houve recuperação total, é possível que ela sinta dor ou que cause dano ao períneo ainda não cicatrizado. É recomendável que o retorno à atividade sexual seja liberado pelo obstetra (para que se verifique o períneo), mas que seja principalmente uma decisão da MULHER. Que aconteça apenas quando ELA tiver vontade. Se ela tentar ter relação e sentir dor, tudo bem esperar mais um pouco.

É normal que a mulher fique sem libido, ainda que não esteja amamentando?

A queda da libido durante o período de lactação, mais marcadamente em aleitamento exclusivo, é hormonal e fisiológica. O corpo entende que acabou de gestar e parir um ser dependente e direciona toda a energia para isso. O organismo “adia” nova gestação suprimindo ciclos menstruais, gerando atrofia/hipotrofia do sistema genitourinário. O que acontece, na prática? Queda da libido. Com a volta dos ciclos menstruais (e para mulheres que não amamentam), é possível que o desejo sexual retorne, mas isso não é regra – da mesma maneira que há mulheres que ainda não voltaram a ciclar, mas sentem vontade de transar. No geral, para além da questão hormonal do puerpério e amamentação, é bem difícil uma mãe com privação de sono e os desafios do puerpério ter desejo sexual aflorado, o que deve ser respeitado.

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