Esse é um dos principais medos de incontáveis gestantes que planejam seu parto (por vezes até com equipe particular cara que se diz humanizada esse receio torna-se realidade, infelizmente)
Repita comigo: episiotomia, o nome técnico que se refere ao corte ou “pique” no períneo, NUNCA é necessária. Episiotomia é v!0ênci4 obstétrica. É mut!l4ç40 perineal. É v!0ênci4 contra o corpo da mulher.
Há algumas décadas, acreditava-se erroneamente que cortar o períneo durante o parto facilitava a passagem do bebê e evitava lesões. No entanto, graças aos estudos posteriores, sabemos hoje que tecidos moles (músculos tendões, fáscias, mucosa, pele) NÃO são fatores que impactam na saída do bebê – o que impacta é osso (cabeça do bebê passando pelos ossos da pelve da mãe).
Não existe justificativa para realizar um corte no períneo com a finalidade de “auxiliar” a passagem do bebê e, em medicina, intervenções que não apresentam comprovados benefícios, especialmente as com potenciais riscos em contrapartida, NÃO devem ser realizadas – nós médicos juramos Primum non nocere: acima de tudo, não causar dano.
E existem bastantes evidências de malefícios: além de dor e sangramento imediatos, a episiotomia associa maior tempo de recuperação pós-parto, problemas na cicatrização, fibrose, dor crônica durante anos após o procedimento, desconforto nas relações s3xu4is. Além disso, trata-se de um corte realizado contra a direção das fibras musculares, podendo aumentar risco de lacerações mais graves, inclusive de reto. O impacto negativo sobre o assoalho pélvico é evidente e amplamente documentado, sem oferecer benefícios concretos.
É óbvio concluir que não deve ser realizada, o que infelizmente ainda acontece bastante.
Se você está gestante, ainda dá tempo de buscar um parto sem v!0lênci4s, dá tempo de trocar de equipe. Para isso, saiba que é preciso muita informação e preparação.