Recepção humanizada do RN

Na maioria dos casos em que se respeita a fisiologia do nascimento, em especial quando não há riscos gestacionais ou fatores de risco durante o TP e o parto se dá tranquilamente, é possível examinar o recém-nascido sem que seja necessário tirá-lo do colo materno. Em português claro: em um nascimento saudável e sem intercorrências, o melhor lugar para o bebê é em pele a pele com a mãe até o cordão parar de pulsar, sem pesagens, secagens, esfregação desnecessária e manipulação excessiva do bebê.

Mas e os procedimentos?

Nossa cultura “medicalocêntrica” leva as pessoas a acreditarem que é preciso passar pelo crivo do neonatologista para que o bebê possa ser entregue à mãe – saiba que não necessariamente e, arrisco dizer, na quase totalidade dos casos bem assistidos.

Você sabe, afinal, que procedimentos são esses? Listei abaixo os principais deles:

1️⃣ Teste de Apgar

Método utilizado para avaliação da vitalidade do recém-nascido, baseado em notas. É realizado no primeiro e no quinto minuto de vida da criança e se baseia em cinco critérios de avaliação: frequência cardíaca, respiração, tônus muscular, reflexos e cor da pele, que, individualmente, podem receber notas de 0 a 2, somando um total de 10 pontos. É majoritariamente uma avaliação visual e deve ser realizada no colo da mãe, salvo necessidade de prontamente intervir (mais uma vez: raro em casos de boa assistência e baixo risco).

2️⃣ Pesar e medir

Muito embora sejam importantes para acompanhar o desenvolvimento e saúde do bebê, esses procedimentos podem e devem ser feitos ao lado da mãe e não devem acontecer imediatamente após o nascimento e sim após a golden hour (no mínimo), ainda em sala de parto.

3️⃣ Clampeamento do cordão umbilical⁣

Ideal é esperar parar de pulsar já que, diferente do que vemos em filmes e novelas, na enorme maioria dos casos não há urgência para o clampeamento. Inclusive é recomendado pelos principais órgãos de saúde que se aguarde, pois o clampeamento tardio pode prevenir anemia por falta de ferro nos 3-6 primeiros meses de vida e na primeira infância, ajuda na estabilidade cardiorrespiratória e ajuda a prevenir também sepse neonatal, transfusões, hemorragia intracraniana e enterocolite necrotizante, especialmente em bebês prematuros, pros quais o benefício se mostra ainda maior. ⁣⁣

4️⃣ Aspiração nasal⁣

Um tubo é introduzido pelo nariz do bebê para remover secreções. Esse procedimento só deve ser feito em casos específicos e não é um procedimento com indicação comum e muito menos de rotina, ainda que o bebê tenha nascido via cesariana ou haja mecônio.⁣⁣

5️⃣ Banho logo após o nascimento⁣

Prática que já caiu em desuso, pois é sabido que o vérnix (camada gordurosa que reveste a pele do recém-nascido) favorece a manutenção da temperatura, evita descamação da pele e favorece a colonização por bactérias boas no organismo do bebê. A família pode decidir quando e por quem será dado o primeiro banho – que pode inclusive ser em casa, dias após o nascimento.⁣⁣

6️⃣ Vitamina K⁣

É protocolo e forte recomendação das principais Sociedades de Pediatria mundiais a administração de vitamina K intramuscular no recém-nascido ainda na sala de parto, tão logo possível (mas é óbvio que podemos esperar a hora dourada). De preferência no colo da mãe, ao seio, de maneira confortável, segura e com menos dor/desconforto possíveis.⁣⁣

Seu bebê passou por procedimentos desnecessários?

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