Quando é necessário fazer ultrassom com doppler?

Enquanto a pandemia segue seu curso, muitas gestantes permanecem cheias de dúvidas – não só relacionadas ao coronavírus 🦠

No post recente sobre exames e ultras que devem ser feitos em cada trimestre, não falei do doppler (de propósito!), dado que tal exame não é obrigatório em uma gestação de risco habitual.

O ultrassom com doppler é usado de maneira específica e serve para observar a qualidade da circulação sanguínea entre gestante e bebê. Através desse exame, realiza-se uma avaliação do fluxo útero-placentário e feto-placentário, ou seja, do útero pra placenta e da placenta para o bebê. Caso o exame apresente alguma alteração, traduz-se que existe a possibilidade de o feto não estar recebendo a quantidade adequada de sangue que deveria, o que pode estar prejudicando ou vir a prejudicar seu desenvolvimento e bem estar. O doppler é importante, portanto, para definir se há algum tipo de insuficiência placentária em gestações de maior risco para tal, como pré eclampsia, CIUR, oligodramnia, gestação gemelar, etc. Devo acrescentar também que o achado de incisuras de artérias uterinas isoladamente não alteram o risco gestacional e só demandam maior vigilância, dado que estão relacionadas a maior risco de desenvolvimento de pré eclampsia e CIUR.

A partir dessa análise pode-se a periodicidade de vigilância do pré-natal, mas isoladamente não muda a conduta, principalmente com relação à via de parto. Em português claro, alterações no doppler NÃO INDICAM CESARIANA, em sua grande maioria.

Não há evidência demonstrando que fazer uma ou mais ultras com doppler previna maus desfecho neonatais, portanto não deve ser um exame de rotina para todas as mulheres. Volto a dizer que essa é a conduta para gestações de risco habitual – em casos de alto risco, a conduta sempre será individualizada e outros exames (como o próprio doppler) poderão solicitados para adequada avaliação materno-fetal.

Mas como saber se o bebê está bem sem doppler?

Com um bom pré-natal e adequada avaliação de risco  Se nada nos salta aos olhos à anamnese ou ao exame clínico, se o bebê mexe bem, se o fundo de útero tem crescimento adequado, se não há ganho de peso anormal e nenhuma outra condição associada, está tudo bem e não é necessário ficar fazendo ultra o tempo todo!

Para saber mais sobre os exames do pré-natal, recomendo ler os últimos posts no feed – que foram inseridos no contexto do coronavírus, mas servem muito bem para entender tudo que é necessário avaliar ao longo do pré-natal.

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