O título deste post poderia ser “Quando acionar a equipe no trabalho de parto”, se errado não estivesse, já que a doula não faz parte da equipe de parto e sua atuação precisa ser compreendida de maneira independente, desde sempre.
A doula é de escolha da mulher e está a serviço dela e de sua família, nunca da equipe. É possível que encontremos as mesmas doulas em inúmeros partos, é possível que muitas doulas nos indiquem e que, por isso, pareça que somos uma equipe, mas não somos. Trabalhamos em parceria, temos o mesmo objetivo (em geral), mas é fundamental entender que a assistência técnica é uma; a da doulagem é outra.
Nesse sentido, os momentos de acionar a doula e a equipe quando do início do trabalho de parto podem ser bem diferentes.
A doula tem função importantíssima ainda durante a gestação e nas fases iniciais do trabalho de parto, quando a insegurança e o medo do que está por vir tomam conta da mulher e acompanhante. Então, indo direto ao ponto: a doula precisa ser avisada e estar com a gestante assim que a demanda existir, pois esse suporte inicial favorece que a família viva aquele momento com mais tranquilidade e segurança.
Essa demanda acontece, muitas vezes, já na primeira fase do TP (a fase latente), quando de contrações já dolorosas, assumindo algum ritmo e frequência, ainda que não tem bem definidos. Algumas mulheres irão passar por esse momento inicial mais tranquilamente, outras não – e a doula precisa estar à disposição para ir o quanto antes. Afinal não é ela grande aliada para se evitarem internações precoces e intervenções desnecessárias? E não é justo, francamente, deixar a mulher e o acompanhante desconfortáveis, precisando de suporte e passando por esse momento novo inicial sozinhos porque “”“ainda não é o momento de ir”””.
Também entendo que, dentro de uma boa assistência, é inadmissível limitar o atendimento apenas ao hospital e não ir à casa da mulher – é esperado que a doula esteja presente, independente do local, quando solicitada.
Ainda considerando que equipe técnica e doula atuam de maneiras diferentes, cabe salientar que assistência da doula é muito diferente e dissociada da Enfermeira Obstétrica, quando existe – nesse caso considerando aqui equipes particulares (de PH ou PD), em especial. A EO vai ser acionada pela própria equipe, quando de sinais de início de trabalho de parto ativo (que é justamente quando o bebê demanda ausculta), fases latentes arrastadas e/ou sinais de que podem existir outros riscos a serem avaliados e rastreados para se indicar uma internação precoce, se preciso for.
Assim, é fácil perceber que a atuação da doula é muito mais ampla e desconectada de equipes: ela atua em partos domiciliares, partos hospitalares pelo plano, partos com equipe particular, partos no SUS. Sendo assim, associar sua atuação à da equipe – qualquer que seja ela – não faz sentido algum.
Em resumo? Converse com sua doula à exaustão, alinhem expectativas, combinem a logística do do parto, solicite e insista por sua presença tão logo sinta que é necessário para você. 😉