Precisamos desromantizar o pós-parto

Vejo um movimento comum entre as gestantes de estudar bastante a respeito do parto e nada (ou quase nada) sobre o que acontece logo depois. Deixo claro que não há crítica aqui: é preciso mesmo se informar sobremaneira para conseguir o parto desejado na nossa realidade obstétrica.

Mas também precisamos expor que, depois do empreendimento enorme que é conseguir parir… vem uma coisa maior ainda que é ser mãe.

Não pretendo falar muito sobre a maternidade em si; apenas me parece fundamental destacar o que poderá acontecer com o seu corpo após o parto. Pensamos que, se o desafio de encarar o parto foi vencido, depois haverá apenas belos momentos de bebezinho tranquilo mamando no colo e plenitude no coração, certo? Pois errado. A realidade pode ser bem mais dura:

1. Amamentação: embora seja sim natural, ela raramente é fácil e nada intuitiva como insistem em espalhar. A adaptação não é simples, acertar a pega requer treino e dedicação, o bebê não sabe o que está fazendo e muitas vezes a mãe também não. Não raro, pra completar o pacote, tem peito engurgitado, doendo, mamilos sensíveis ou feridos, rede de apoio inexistente, cansaço das noites mal dormidas. Está nos meus planos escrever um post só sobre isso, mas, por ora, recomendo: consultoria de amamentação, pra ontem;

2️. Dores no períneo: ainda que, durante o parto não tenha havido lacerações, o períneo fica desgastado, com tecido distendido e muito sensível por algum tempo. É comum que a mulher sinta incomodo, principalmente ardência ao fazer xixi. Recomendo: duchinha para refrescar na hora de ir ao banheiro (e diluir a ardência natural da urina) e compressas bem geladinhas na região perineal. Se o incômodo for muito intenso, há sprays específicos para aliviar;

3️. Cólicas: se você achava que não sentiria mais dores após o fim das contrações, achou errado. É comum e esperado que a mulher sinta cólicas – elas significam que o útero está voltando ao tamanho e lugar normais. Essa sensação usualmente piora quando o bebê começa a mamar, pois a descarga de ocitocina no corpo da mãe estimula o útero a se contrair, justificando o desconforto. 

Recomendo: paciência, porque é fisiológico e vai passar em alguns dias. Se for realmente muito ruim, há medicação para isso (antiespasmódicos);

4. Hemorróidas: um dos campeões de perguntas nos Stories, as hemorróidas podem aparecer ainda durante a gestação e podem ser bem incômodas. Na maior parte dos casos, melhoram espontaneamente à medida em que os vasos pélvicos vão sendo descomprimidos, acompanhando a involução do útero. Portanto, espera-se que se resolvam totalmente ou melhorem sobremaneira, sem que se faça nada. Recomendo: banhos de assento em água morna e a posição invertida (a mesma do spinning babies). Para casos mais sintomáticos, existe medicação tópica de que se pode lançar mão;

5. Dores pélvicas: na região do sacro, cóccix e púbis. Por conta do hormônio relaxina, que ajuda o bebê a abrir espaço e passar pela pelve materna, os tendões e ligamentos ficam mais frouxos. Isso não se resolve de um dia para o outro; é bem esperado e absolutamente normal que haja algum tipo de incômodo e sensação de frouxidão na pelve nos dias posteriores ao parto. Recomendo: descanso e paciência;

6️. Ressecamento vaginal: falo melhor desse assunto nos posts sobre retorno à vida sexual depois do parto, mas só para não passar batido, isso ocorre pelas alterações hormonais bruscas do período. Caso você queira retomar a vida sexual e o ressecamento esteja atrapalhando, é possível fazer uso de lubrificantes comuns. Recomendo: paciência (de novo!) e uso de lubrificantes, caso haja vontade de retomar a vida sexual e o ressecamento esteja realmente atrapalhando.

E aí, quais outras sensações você teve no pós-parto imediato? Como resolveu? Vamos ajudar as outras mães?

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