Pode fazer uso de medicação psiquiátrica na gestação?

Questionamento comum que demonstra cuidado com a gestação e com a saúde do bebê, mas que me causa certa angústia, já que, ao mesmo tempo, também exibe uma tendência enraizada em nossa cultura de minimizar e invisibilizar o cuidado com a saúde mental, deixando-na pra depois ou sem imprimir a ela a seriedade necessária. Como se esta fosse menos importante, especialmente quando se trata da saúde mental materna.

Mas vamos analisar mais de perto essa questão: o médico especialista obviamente deverá ponderar o risco-benefício da medicação psiquiátrica a ser indicada, prescrita ou mantida durante a gestação, considerando que existem opções seguras. O que não se pode e não se deve é deixar a gestante doente por 9 meses, ignorando sua condição mental, que inclusive pode aumentar riscos gestacionais e puerperais para o bebê.

Deixar a mulher que precisa de medicação psiquiátrica sem acesso a uma boa alternativa medicamentosa é desumano, negligente e arriscado, podendo trazer prejuízos tanto para a mãe quanto para o bebê em formação, prejudicando a relação com a maternidade e com a nova configuração de vida que rapidamente está se colocando. É irresponsável, imprudente e não tem base em evidências.

Além disso, sabe o que mais tem base em evidências? Associar a medicação a um estilo de vida saudável, adequado e prazeroso (na medida do possível, é claro):

– Manter atividade física regular, associando exercícios de força com aeróbicos, durante TODA a gestação;
– Manter uma rotina bem estabelecida;
– Prezar por um sono adequado;
– Preferir alimentação saudável e baseada em comida de verdade;
– Evitar excessos;
– Ter vínculos afetivos;
– Aprender atividades novas – é um excelente estímulo para novos circuitos cerebrais
– Apostar em técnicas de concentração e paz, como meditação e técnicas de respiração;
– Estar próxima de pessoas positivas;
– Construir rede de apoio;
– Adotar e cuidar de um pet – funciona como fator protetivo e tem respaldo científico;
– Ter momentos prazerosos.

Saúde mental não é frescura, não é brincadeira e precisa de tanto cuidado quanto a própria saúde física na gestação. Não se negligenciem e procurem ajuda, quantas vezes forem necessárias.

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