Parir em casa é mais arriscado do que ter o bebê no hospital?

Escrevi recentemente sobre a opção pelo parto domiciliar planejado (PDP), mas restou a dúvida: afinal, quais são os riscos reais que envolvem essa decisão? Parir em casa é mais arriscado do que ter o bebê no hospital? Sinceramente, é impossível responder a essas questões com dados irrefutáveis. Isso porque a segurança do parto em casa, como disse anteriormente, depende de diversos fatores e, em última análise, é preciso ter em mente que desfechos ruins acontecem e, muitas vezes, sem que possamos prever – mesmo no hospital. Vida risco zero não existe.

Mas vamos ao que se sabe de riscos e complicações do Parto Domiciliar, sempre lembrando que estamos falando de gestações de risco habitual:

• Morte do bebê intraparto ou nos primeiros sete dias: 0,15% (estudo Van der Koy et al 2011);

• Morte do bebê do nascimento até o sétimo dia: 0,03% (estudo Birthplace in England 2011);

• Morte do bebê (somados os riscos desde intra-útero até 28 dias de vida): 0,09% (Nova Zelândia), 0,1% (Holanda, EUA e Canadá), 0,22% (Suécia) (estudo McIntyre et al 2012);

• Transferência da mãe ou bebê para o hospital: 12%, sendo 7% antes do parto e 5% após o parto (estudo Birthplace in England 2011);

• Alterações preocupantes dos batimentos cardíacos fetais requerendo transferência para o hospital: 0,7% (estudo Birthplace in England 2011);

• Transferências do recém-nascido por problemas respiratórios ou outras preocupações: 1,1%;

• Hemorragia pós-parto requerendo transferência: 0,7%;

• Retenção da placenta (demora de mais de uma hora para sair) requerendo transferência: 1,3%;

Dados levantados por @bastopriscila.

Para quem gostaria de comparar riscos do PDP com o parto hospitalar, há uma revisão recente feita pela Universidade McMaster (Canadá) e publicado pela revista The Lancet’s EClinicalMedicine.

A metanálise usou dados de 21 estudos publicados desde 1990, comparando resultados de aproximadamente 500 mil partos domiciliares com números semelhantes de nascimentos ocorridos em partos hospitalares em diversos países e não encontrou, para o bebê, risco clinicamente importante ou estatisticamente diferente entre os grupos domiciliar e hospitalar. Chegou-se à conclusão, ainda, de que mulheres grávidas de risco habitual que pretendem dar à luz em casa não têm maiores chances de morte perinatal ou neonatal em comparação com outras mulheres nas mesmas condições, que pretendem ter o bebê em um hospital. Há diversos outros estudos publicados fazendo essa comparação – é preciso conversar com a sua equipe e se informar o máximo possível.

Entendo que as complicações existentes em um PDP são raras, mas não é possível prever todas elas e/ou eliminar riscos e nenhum profissional de saúde pode assegurar esse ou aquele desfecho – independente do local de parto, aliás. Nesse sentido, reforço: cerque-se de profissionais qualificados para prestar assistência ao seu parto, informe-se e empodere-se da sua decisão.

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