O VBAC – Parte 2 (tirando dúvidas)

No post recente que fiz sobre os riscos do VBAC, restaram algumas dúvidas, que acho importante explicar por aqui e não só via stories ou resposta de comentários. Algumas questões permeiam inseguranças e são cercadas de mitos:⠀

Quais são os sinais de rotura uterina?
Antes de falar propriamente sobre isso, é importante destacar que a equipe deve estar o tempo todo vigilante e alerta ao corpo e comportamento da mulher e aos sinais de evolução (ou não) do trabalho de parto. A rotura uterina é rara, mas os profissionais da assistência devem estar constantemente “desconfiados” dela, dada a gravidade do quadro, caso aconteça. O Anel de Bandl-Frommel – que é uma distensão uterina bastante característica – não é comum e não necessariamente a mulher que aparenta apresentá-lo está de fato sofrendo uma rotura. Portanto, esperar apenas por este sinal e achar que só ele indicaria rotura é um crasso erro. Geralmente os sinais são clínicos: bradicardia fetal mantida e persistente (pode ser o primeiro sinal, inclusive), fraqueza, tontura, mal estar e aí, ao exame, hipotensão e taquicardia. Sangramento exacerbado e a queixa de dor intensa que não cessa entre os intervalos das contrações são também sinais de alerta. Caso a mulher apresente tais sinais e sintomas, é mais do que prudente indicar a cesariana imediata, de emergência, por suspeita de rotura uterina.⠀

Quanto tempo após uma cesárea, posso engravidar novamente com segurança e ter um parto normal?
Não existe um tempo mínimo de intervalo interpartal descrito na literatura e, em qualquer intervalo entre nascimentos, a prova de trabalho de parto é benéfica para mulher e bebê. Se houver a possibilidade de planejar, recomendam-se, por consenso de especialistas, 12-18 meses entre os nascimentos – mas não é obrigatório e muito menos significa que, caso não tenha esse intervalo, a mulher deva passar por nova cesariana.

É mais do que sabido que o parto normal é, na esmagadora maioria dos casos, a opção mais saudável e que traz bem menos riscos para o binômio mãe-bebê, principalmente em se comparando a uma nova cirurgia cesariana.

VBAC pode ser induzido?
Em caso de indicação de interrupção da gravidez, a indução do parto é SIM possível para uma mulher com cesariana(s) anterior(es). Mas existem algumas particularidades no que concerne às técnicas de indução: o uso da prostaglandina (o comprimido que promove o amadurecimento farmacológico do colo do útero) está contraindicado, mas é possível amadurecer o colo de maneira mecânica com o Balão de Krause. A ocitocina também pode ser utilizada, concomitante ao uso do balão ou após sua expulsão, com vigilância ainda mais rigorosa e doses mais conservadoras, sempre em bomba infusora, no caso do VBAC.

E a analgesia?
A analgesia é também uma intervenção possível, mas o ideal é que seu uso seja avaliado criteriosamente – como em todos os partos – já que, especialmente no contexto do VBAC, pode ser fator confundidor para os sintomas de ruptura uterina.

Para ler o post anterior sobre os verdadeiros riscos de um parto normal após cesariana (VBAC), clique aqui: Risco de um VBAC.

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