No terceiro trimestre da gestação, é comum que a mulher se sinta com menos energia e cansada. Porém, caso a gravidez seja de risco habitual (baixo risco), ela pode seguir sua rotina sem grandes alterações. Confira quais são os cuidados necessários para esse período:
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1️⃣ Exames de rotina: assim como nos períodos anteriores, no terceiro trimestre o profissional que presta assistência à gestante pedirá novamente os exames de sangue e urina. Em uma gestação de risco habitual – que é maioria e da qual estamos falando aqui – não há necessidade de outros exames ou investigações diferentes do que as que já vinham sendo feitas.
2️⃣ Ultrassom: é muito comum vermos um aumento nos pedidos de ultrassom na fase final da gravidez, mas isso é um mito! Segundo os protocolos nacionais e internacionais (Ministério da Saúde e OMS), só é necessário fazer novos exames de imagem caso haja alguma demanda específica naquela gestação (diabetes e alterações na pressão arterial são as mais comuns). A exceção fica para gestações pós-termo que alcancem as 41 semanas – nesse caso o ultrassom serve para avaliar a quantidade de líquido amniótico e é complementado pelo exame de cardiotocografia, que avalia a vitalidade fetal. É sempre bom lembrar a já famosa frase “ultrassom não é balança!”, já que, na verdade, o ultrassom sem indicação específica não é um bom método para estimar peso fetal. Em geral, no terceiro trimestre, a ecografia tende a superestimar o peso do bebê. O abuso desse tipo de exame pode causar tensão na mãe e na família, além de aumentar o número de achados irrelevantes que acabam levando a condutas invasivas e desnecessárias.
3️⃣ Consultas de rotina: a partir da 32ª semana de gravidez, o acompanhamento passa a ser quinzenal e, a partir da 36ª, ele se torna semanal (recomendação do Ministério da Saúde). Após as 41 semanas, as consultas devem ser mais frequentes, de dois em dois ou três em três dias. Durante o encontro, a rotina básica continua a mesma: a pressão deve ser aferida, o fundo de útero é medido e os batimentos cardíacos do feto são ouvidos. É importante que a gestante continue levando suas dúvidas para a consulta e o profissional assistente deve reforçar e afinar a conversa sobre o momento do parto: explicando como a equipe trabalha, o que exatamente acontecerá no dia do trabalho de parto, quem deve ser avisado e em qual momento, a função de cada profissional na cena do parto, os métodos de alívio da dor (não-farmacológicos ou analgesias), a importância da doula etc.
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4️⃣ Toque vaginal: não há indicação para esse exame no terceiro trimestre da gravidez, pois não há evidências de que toque de vaginal repetido de rotina diminua a incidência de partos pré-termo ou mesmo de que haja qualquer benefício. Caso haja queixas de contração, o caso deve ser individualizado.
5️⃣ Exercícios físicos e sexo: diferente do que se pensa, em uma gravidez de risco habitual não é necessário fazer repouso ou evitar atividades físicas (inclusive o sexo). A gestante deve avaliar como se sente, se tem vontade e disposição, e se movimentar como preferir. A definição disso depende muito do condicionamento físico da mulher, como ela está se sentindo e sua vontade pessoal. Ela está livre para ouvir seu próprio corpo e tomar a decisão que preferir.
6️⃣ Medicações: salvo por indicação específica, não existe a necessidade de uso de medicações para prevenir o parto prematuro.
7️⃣ Alta do pré-natal: NÃO EXISTE. Colocamos em maiúscula mesmo, porque esse é um dos grandes absurdos que temos ouvido por aí. O acompanhamento da gestação vai até o nascimento do bebê, independente da idade gestacional.