O que fazer se meu bebê estiver pélvico?

Bebês se movimentam bastante e assumem diversas posições no útero ao longo da gestação. No entanto, a enorme maioria deles (97%), dá uma cambalhota final e se posiciona de cabeça pra baixo, assim nascendo – chamamos de apresentação cefálica. Os que não o fazem são os reconhecidos bebês pélvicos, que permanecem sentados ao final da gravidez, o que acaba sendo uma preocupação para as mulheres que desejam o parto normal.

Embora eu muito discuta sobre a versão cefálica externa (VCE – manobra de virar manualmente o bebê ainda na barriga) e sobre o parto pélvico planejado (tem posts detalhados sobre essas alternativas), existem bastantes estratégias possíveis antes dessas.

Mas antes ainda de pensar no que fazer, parece-me necessário discutir QUANDO fazer. A partir das 32 semanas de gestação, caso o bebê ainda esteja pélvico, já se é possível iniciar alternativas para favorecer a sua versão espontânea, dado que o espaço no útero vai reduzindo conforme o bebê cresce e ocorre uma diminuição fisiológica do líquido amniótico, o que vai progressivamente dificultando a movimentação fetal. Mas atenção: a virada é possível, inclusive durante o próprio trabalho de parto, embora sim bem raro. As alternativas que exibo abaixo são, portanto, opcionais para se favorecer que o bebê vire, mas pode-se muito bem optar por não fazer nada.

Exercícios
Basicamente são posições invertidas que a mulher deve assumir algumas vezes por dia, durante 15 a 20 min cada, como apoiar as pernas na parede e elevar os quadris para o alto, apoiar os joelhos em um sofá e os cotovelos no chão, deitar-se em uma prancha (de surf ou de passar roupa) a 45º e até engatinhar por alguns minutos. Mais recentemente, vimos que técnicas individualizadas de Spinning Babies e outras, que criam espaço no útero por meio de alinhamento e posições sugeridas funcionam bastante bem, mas para isso é preciso acompanhamento profissional especializado. Além disso, empiricamente, percebemos que ainda que os exercícios não funcionem sozinhos para a virada do bebê, eles ajudam a preparar o corpo para uma possível VCE, melhorando os desfechos.

Acupuntura / Moxabustão
Ainda não há estudos de qualidade mostrando resultados a respeito da técnica, porém vemos na prática desfechos muito positivos com acupuntura e moxa, né @giseleaguilaeo e @bastospriscila? Quando associadas a exercícios e posturas como descrito acima, aumentam muito a chance de versão do bebê. Importante citar que, quanto mais cedo se iniciarem as sessões, maiores as chances de lograr a mudança de posição (a partir das 32 semanas). Além disso, uma equipe formada de maneira pluridisciplinar (obstetra, acupunturista, fisio pélvica, doula, osteopata, etc) pode ajudar em muito nesses casos, adequando as propostas em conjunto e ajustando à realidade daquela gestante.

Homeopatia
Opção que carece de comprovação científica, mas cito por conhecer casos de mulheres que relatam boa percepção com o apoio da homeopatia. Da mesma maneira que as opções anteriores, vale associá-la a outras alternativas, visando a maiores chances de sucesso.

Osteopatia/Quiropraxia
Da mesma maneira que os exercícios, funcionam como opção de alinhamento físico e criação de espaço para movimentação do bebê, sem mexer diretamente nele. Recomendo, novamente, equipe multidisciplinar para avaliação individualizada e orientação de quais caminhos seguir.

Versão Cefálica Externa
A manobra mecânica de virar o bebê na barriga é uma alternativa segura (embora existam riscos, sim – e tem post) para quem quer evitar o parto pélvico. Pode precisar ou não de analgesia e/ou de medicações para relaxamento do útero e só pode ser realizada por médicos obstetras experientes. Pode ter bons resultados (até 70% de sucesso a depender da estatística pessoal do examinador) e deve ser realizada no termo precoce entre 36-38 semanas.

Parto pélvico
Perfeitamente possível em ambiente hospitalar (partos pélvicos não devem ser conduzidos em casa!), desde que com equipe experiente e bem treinada, que saiba resolver possíveis intercorrências. Além disso, a família deve ser devidamente informada de todos os riscos e benefícios, além de estar bastante consciente de sua escolha. Tem pelos menos 4 posts sobre parto pélvico aqui no feed, dê uma lida para tomar a sua decisão!

Cesariana
Bebê em apresentação pélvica é uma indicação relativa de cesariana, caso a mulher não se sinta segura e/ou não esteja acompanhada de equipe experiente para o parto normal pélvico. Não é necessário que seja uma cesariana eletiva, ou seja, deve-se aguardar o início do trabalho de parto espontâneo para operar ou se atingirem 41s. É uma decisão que, como todas, aliás, deve ser tomada com base em informação de qualidade e completa a respeito de todas as opções possíveis.

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