Você sabia que o médico obstetra não é o único profissional capaz de conduzir o pré-natal? Pouca gente sabe, mas não só é possível, como é respaldado e recomendável pelo Ministério da Saúde e OMS que Enfermeira Obstetra ou Obstetriz/parteira profissional acompanhem gestantes de risco habitual ao longo da gravidez. Seja de forma exclusiva ou compartilhada com o médico obstetra – modelo da minha equipe aqui na Casa Pitanga –, a assistência prestada pela Enfermeira neste momento é importantíssima.
O profissional de enfermagem faz tudo que um médico faz durante a consulta: acompanha e tira dúvidas, estabelece vínculos, realiza o exame físico (ausculta, medida da altura do fundo do útero, aferição de pressão arterial, palpação da barriga para checar posição e altura do bebê), além de também solicitar exames e quaisquer demandas extras. A Enfermeira é treinada e capaz de reconhecer e estratificar situações de risco e encaminhar ao médico obstetra, se assim for necessário. A gestante tem a oportunidade de uma assistência multidisciplinar, baseada na promoção da saúde e prevenção de doenças, tendo a chance de conectar-se com todos os profissionais que estarão em seu parto, além de se beneficiar de outra abordagem nas conversas sobre o parto, em geral com olhar mais humano e integrativo.
Este modelo é especificamente o caso da minha equipe, no qual Enfermeiras Obstetras não só se alternam comigo durante o pré natal, mas também integram a equipe de assistência ao parto. Elas são sempre as primeiras a serem acionadas quando do início do trabalho de parto, dando início à assistência e definindo, em conjunto comigo, o momento mais oportuno para a transferência para o hospital, acompanhando a gestante durante todo o tempo em casa e no deslocamento para a maternidade. Já em ambiente hospitalar, ela segue prestando suporte e se alternando com o médico obstetra ao longo do trabalho de parto. Aqui reforço que essa assistência é chave para se evitarem internações precoces e, por conseguinte, intervenções desnecessárias que por ventura possam aumentar os riscos para o binômio.
A presença da enfermeira no pré-natal não só é importante, como deveria ser mais debatida, normalizada e integrada no Brasil, tirando da figura médica a aura do “saber exclusivo e supremo” sobre a gestação e o parto. Já é hora de descentralizarmos o parto não só da figura do médico, mas também do ambiente exclusivo do hospital, reduzindo custos, evitando intervenções/cirurgias dispensáveis e diminuindo riscos.