Há algumas semanas, uma gestante minha (padrão Biazinha, diga-se), já a termo, levou o plano de parto que ela própria escreveu, sem utilizar-se de qualquer modelo padrão. Eu, particularmente, achei tão bom, tão completo e bem escrito, que resolvi aqui compartilhá-lo, pra dar uma luz a quem deseja também construir o seu em breve.
Antes de efetivamente construir o seu plano de parto, é importante entender para que ele serve. Esse documento é uma ferramenta de empoderamento e autoconhecimento, é um posicionamento por escrito, é você se apoderando de seu corpo e das decisões sobre ele – e sobre seu bebê também, consequentemente. É colocar em prática tudo que você estudou, o quanto se preparou, tudo que percebeu. Significa que pensou a respeito do que quer pro nascimento do seu bebê, conversou e discutiu com a equipe, considerou distintas possibilidades e cenários e se posicionou, fez suas escolhas, bem instruída que estava.
Então, independente da aceitação do plano de parto por parte da instituição escolhida para o nascimento ou mesmo por parte do obstetra, escrevê-lo é fundamental.
Não existe um modelo correto ou mesmo padrão para o seu plano de parto, ele pode ser uma carta ou uma simples lista de TUDO o que gostaria ou não que acontecesse na hora do nascimento. Nesse sentido, seu plano de parto deve ter:
– Local onde deseja parir seu filho;
– Equipe (com nome e contato de todos) ou se será atendida por equipe plantonista;
– Doula (caso haja, com nome e contato);
– Quem será seu acompanhante e quem será o backup do seu acompanhante (especialmente importante em tempos de pandemia);
– Condições do ambiente de parto (luz, música, temperatura, realização de fotos e vídeos);
– Alimentos e bebidas a que deseja ter acesso (de sua responsabilidade levar);
– Intervenções no trabalho de parto e seu posicionamento a respeito delas (tricotomia, enema, soro com ocitocina, liberdade de movimentar-se, uso de métodos não farmacológicos de alívio da dor, analgesia – se ela deve ser oferecida e quando –, ruptura artificial da membrana amniótica etc.);
Intervenções no expulsivo e nascimento (posição, puxo dirigido, episiotomia, dequitação, contato imediato com o bebê e amamentação na primeira hora de vida);
– Atendimento ao RN (pesagem, medidas, banho, vitamina K, colírio de nitrato de prata, aspiração das vias aéreas e gástricas, vacina da hepatite B);
– Aspectos pessoais (o que te dá força, o que não quer que aconteça, preferências, entre outros);
– Em caso de cesariana, como você gostaria que acontecesse;
– Em caso de complicações na saúde do bebê, como você pretende lidar;
– Em caso de desfechos negativos, quais medidas devem ser tomadas e que opções existem, para que você discuta com o acompanhante (sim, também é necessário pensar nisso, embora seja angustiante e estatisticamente bem pouco provável).
A OMS tem uma lista de boas práticas sobre intervenções que não devem ser feitas de rotina, que podem te ajudar na construção do plano de parto – basta colocar no google para ler em detalhes! Além disso, costumo recomendar que construa o seu mais para final da gestação, quando já estiver mais bem instruída e munida de informações, para fazer suas escolhas o mais detalhada e conscientemente possível!
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