Intervenções desnecessárias no parto com o argumento de “respeito à paciente”?

Infelizmente, ainda é comum na nossa sociedade que mulheres sejam colocadas em um lugar de incapacidade, de dependência. Na obstetrícia, vemos isso acontecer quando aspectos que definitivamente não impedem um parto normal são utilizados como justificativa para a realização de cesárea.

Muitas mulheres já chegam até nós pré-abastecidas com histórias e imaginários a respeito do parto que as colocam em um lugar de amedrontamento e infantilização. Nesse cenário, a cesariana aparece como uma “escolha” e o “respeito à paciente” acaba virando desculpa para intervenções desnecessárias e práticas sem base em evidências.

A exemplo disso, enviam-me com frequência postagens por aqui passando pano a todo tempo para intervenções e assistência lotada de violências disfarçadas de cuidado, como se quisessem redimir-se por interferir tanto no que não precisaria de nada. Vocês também têm essa impressão?

Mas isso é verdadeiramente RESPEITO?

Respeito à paciente é fornecer informações científicas claras, para que a mulher faça escolhas conscientes. É estabelecer um diálogo que dê espaço para a exposição de receios e dúvidas sem medo de ser julgada, sentindo-se acolhida e escutada.
É dar suporte de verdade quando ela hesitar, quando ela desesperar, quando ela ameaçar cair.

É assegurar a participação ativa da mulher na tomada de decisões relacionadas a seu próprio parto. É construir uma relação que garanta segurança e bem-estar para a mãe e para o bebê durante todo o processo de gestação, parto e pós-parto.

Não se resolve medo do parto com cesariana, mas com informação. A fisiologia feminina é perfeitamente capaz de parir sem intervenção, na grande maioria das vezes. Respeito é fazer esse protagonismo VALER.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress