Selecionei algumas perguntas interessantes que recebi sobre graus de laceração.
Vamos lá:
É necessário suturar lesões de graus 1 e 2? Do que depende essa decisão?
Lesões de grau 1 são as que mais raramente demandam sutura, que se reserva apenas aos casos de profuso sangramento que não ceda à simples compressão e gelo inicial. As de grau 2, em geral, também não precisam ser rafiadas de rotina, embora a avaliação e tomada de decisão dependam de alguns fatores: avaliam-se sangramento, extensão da lesão, localização e se houve ou não distorção de anatomia perineal/vulvar. De qualquer maneira, a formação profissional em Obstetrícia costuma ser bem intervencionista e não é todo mundo que sabe analisar de maneira que o desfecho se dê sem maiores complicações e com bons resultados. Sabe-se que a esmagadora maioria das lacerações de segundo grau NÃO demandarão rafia, cicatrizarão espontaneamente e costumam cicatrizar com menos incômodo e reação inflamatória sem pontos.
O tamanho do bebê impacta em ter ou não laceração?
Não, não diretamente. Haverá bebês muito grandes e mulheres com períneo integro, bem como haverá outros bem pequenos que nascem intempestivamente, resultando em mais lacerações. A presença ou não de laceração e seu grau depende de muitas coisas: genética, elasticidade do tecido (dependente de colágeno), velocidade da expulsão do bebê, posição adotada (ou forçada) na hora do expulsivo e, principalmente, se o parto foi espontâneo ou não (partos com mais intervenções tendem a gerar mais lacerações, por obviedade).
Tem como se preparar e evitar laceração? Existe algo que possa ser feito?
Como expliquei antes, trata-se de uma questão multifatorial, mas o principal mesmo, principalmente em se falando se lesões mais graves é fugir de violência obstétrica e de intervenções desnecessárias (se possível, é claro). Fisioterapia pélvica e massagem perineal guiada e orientada por profissional especializado pode trazer benefícios e prevenir lacerações.
Lesões podem causar sequelas ou dores em outras partes do corpo?
Lesões mais graves podem ter sintomatologia mais duradoura e que demandem tratamento, às vezes até correção cirúrgica, embora estejam longe de serem frequentes em partos espontâneos (raro de verdade). Dores persistentes precisam de avaliação por equipe multidisciplinar, principalmente por ginecologista e fisioterapeuta pélvico.
Pode a laceração ser na parte superior e não inferior como mostra nas fotos?
Sim! Pode ocorrer laceração de pequenos lábios, laceração de paredes vaginais laterais, laceração parauretral e lacerações em topografias distintas. A decisão de suturar ou não irá depender dos parâmetros que já citei acima, mas alguns tipos como paraclitoriana e de pequenos lábios, por vezes, valem ser suturados por conta de possível maior dor e demora no tempo de cicatrização, além do risco de distorção de anatomia pós cicatricial, pela tensão dos bordos.
Existe alguma forma de devolver a elasticidade aos tecidos?
Nutrir-se bem é um fator benéfico para a elasticidade de qualquer tecidos – olha aí uma forma de prevenção! Mas caso haja laceração, é importante saber que o tecido lacerado cicatriza e retrai, então, a elasticidade volta à sua forma habitual na grande maioria dos casos. Avaliação e seguimento por fisio pélvica também ajudam no pós-parto.
Como é a recuperação? A vida sexual perde a qualidade?
Algumas mulheres sentem muito mais desconforto que outras, mesmo que tenham o mesmo grau e extensão de laceração – e isso é muito individual. Várias inclusive sentem mais prazer depois e alcançam uma percepção de prazer maior do que antes – principalmente se lacerações espontâneas e sem rafia (se alguém quiser deixar o depoimento nos comentários, fica à vontade!). De qualquer maneira, a qualidade da vida sexual depende de muitos fatores, tais como entendimento do casal de que este é um novo momento, conforto da mulher, hormonologia do puerpério, libido etc. Se depois de alguns meses você ainda sente desconforto, sugiro procurar atendimento ginecológico.
É verdade que é melhor fazer uma cesariana a uma episiotomia?
Melhor mesmo é nunca fazer uma episio e cesariana somente com indicação, obviamente.
😉