Fuja dessas indicações de cesariana – elas são puro mito

Estamos em 2023 e é abominável constatar que ainda existem médicos presos a conceitos ultrapassados e que colocam a mulher parturiente em um lugar tão, tão secundário e sem voz. Aqui elenco algumas crenças infundadas, puramente míticas, que infelizmente continuam sendo amplamente difundidas nos consultórios de obstetras fofinhos mas retrógrados (ah! não necessariamente antigos, ok? tá cheio de novinha aprendendo assim e perpetuando a vi0l3nci@ contra a mulher).

  • Mulher que usa/usou aparelho nos dentes não terá passagem para o bebê e deve ser submetida à cesariana. Um vídeo circulando nas redes sociais mostra uma pessoa com CRM (médico?) propagando esse pífio absurdo. Não tenho palavras para descrever o quão sem sentido e até lunática é essa afirmação.
  • Cordão enrolado no pescoço: esse mito é deveras antigo, mas ainda embroma MUITAS mães desavisadas.
  • O bebê vai passar do tempo: a natureza não segue um cronograma fixo para o nascimento. É ignóbil pensar que ela não sabe quando o bebê está pronto para nascer. É verdade que, após 41/42 semanas, os riscos fetais e neonatais aumentam levemente e demanda-se maior vigilância, mas isso não indica via cirúrgica. 
  • Diagnóstico de falta de passagem antes mesmo de o trabalho de parto começar: é como se o médico tivesse uma bola de cristal para prever o futuro e muita cara de pau para afirmá-lo; na realidade DCP (desproporção céfalo-pélvica) é BEM RARA se bem conduzida – a propósito, não opero ninguém por esse motivo há mais de 5 anos. 
  • Avaliação baseada em características físicas: ser muito baixa, alta, gorda, magra, jovem, “velha” (ou o que quer que seja) passa longe de ser indicação de cirurgia cesariana. Tais atributos não devem ser usados como desculpinhas para intervenções desnecessárias e jamais contraindicam parto de antemão.
  • Gestação por fertilização in vitro (FIV): A forma como a mulher engravidou não tem influência alguma na via de nascimento. Se uma cesariana for indicada, será por motivos iguais aos de gestações espontâneas. A propósito, o termo usado como pretexto pra operar me dá náuseas e forma rugas: “essa gestação foi muito esperada!”. Não são todos os bebês vidas preciosas? Cesarianas diminuem riscos? Argh. 

A informação é nossa salvaguarda contra cirurgias desnecessárias, intervenções ultrapassadas e v!0lênci4 obstétrica. Informe-se, estude, pesquise e questione o médico que a acompanha. Torne-se a protagonista de sua própria experiência e aproprie-se do que é seu.

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