Existem dois grandes protocolos mundiais a respeito da coleta do swab para EGB: o americano e o inglês.
O americano (American College – ACOG) propõe o rastreio universal (para todas as mulheres), mas apenas as com resultado positivo recebem a antibioticoprofilaxia venosa intraparto, mesmo que haja fatores de risco. Todavia, uma boa parte das mulheres receberá antibióticos na veia durante o trabalho de parto, mesmo que ele corra bem, seja rápido, empelicado, que o bebê esteja a termo, sem fatores de risco etc. Ademais, algumas que obtiveram o resultado negativo semanas antes podem encontrar-se colonizadas por EGB no dia do parto e não receberão o antibiótico.
Já o protocolo inglês (Royal College – RCOG) NÃO recomenda a coleta rotineira do swab para EGB, só indicando a antibioticoprofilaxia DURANTE o trabalho de parto para mulheres de relativo alto risco para desenvolvimento de infecção precoce por EGB, como bolsa rota prolongada (>18h), febre intraparto, urinocultura positiva para GBS em qualquer momento da gestação, histórico de bebê anterior com sepse neonatal e trabalho de parto prematuro.
Embora possuam protocolos muito divergentes, esses dois países não possuem desfechos neonatais diferentes, pelo contrário: a morbimortalidade neonatal por sepse e as estatísticas de desfechos negativos (internação em UTI, RNs com sepse, bebês com sequelas) é bastante similar.
E é justamente por isso que mantenho a seguinte opinião e conduta geral: se rastrear não protege mais os bebês do que rastrear, cabe ao assistente escolher qual protocolo seguir. Na minha prática, opto seguramente por não rastrear, justamente por não haver o benefício claro da coleta de rotina. Uma vez que o exame não traz melhores desfechos para os bebês e que a antibioticoterapia não é inócua – como nada na medicina é – entendo que é melhor só indicar o atb em casos precisos, de maneira individualizada e absolutamente reservada.
Outro ponto de discussão importante – e mais um a favor do protocolo inglês – é que essa bactéria pode estar presente no momento da coleta e na hora do parto não mais estar. E o contrário também: a mulher pode ter um exame negativo e, mesmo assim, na hora do parto, estar colonizada pela bactéria. Saber o status dela com relação à bactéria em dado momento do termo que não seja exatamente na hora do parto acaba sendo absolutamente inútil a meu ver.
Reafirmo que, em medicina, tudo que não tem evidência CLARA de benefícios, não deve ser oferecido/praticado de maneira rotineira.