O exame do cotonete, também conhecido por “SWAB” ou “rastreio do Estrepto B” é tão famoso quanto controverso. Não que se trate de um tema de menor importância, é que simplesmente não há protocolo universal definido, não há preto no branco. O nosso MS não recomenda o rastreio, embora alguns postos o façam de maneira independente.
O Estreptococos Beta Hemolítico do Grupo B (EGB) é uma bactéria presente em (estima-se) 20 a 40% do trato genital inferior e gastrintestinal das mulheres, que a portam fisiologicamente em seus períneos e região perianal em algum momento da gestação, valendo pontuar que se trata de colonização e não infecção. Essa colonização é intermitente, ou seja, sabe-se que a mulher pode portar o EGB hoje e não mais portá-lo na semana que vem. Porém, no caso das grávidas portadoras, a preocupação com o EGB é a possibilidade de que ele infecte o bebê, embora de maneira bem infrequente. Ok, então vamos falar de números? Ao entrar em contato com o recém-nascido, por meio de parto vaginal, a bactéria pode vir a causar infecção severa de início precoce (em até 7 dias de nascimento, geralmente nas primeiras horas de vida). O percentual de bebês com infecção precoce por EGB, se mãe positiva pra bactéria e se não realizada qualquer profilaxia, é baixíssimo: 1-2%. Há de se ressaltar ainda que apenas 2-3% dos bebês infectados virão a óbito por sepse neonatal.
A maior preocupação com relação a essa bactéria é justamente a sepse neonatal, que pode levar a quadros graves, com sequelas neurológicas, e até à morte.
No entanto, evidências apontam que o uso do antibiótico não reduz significativamente o risco de MORTE por infecção por EGB ou infecções por outras bactérias, embora pareça reduzir o número de bebês infectados precocemente e internações em UTI neonatal.
A testagem é simples, indolor, não invasiva e realizada ainda durante a gestação (35-37 semanas), com o swab para EGB – é uma escovinha que parece um cotonete, introduzida por 2cm na entrada da vagina e por fora do ânus para rastreio da bactéria. De modo geral, se swab positivo, está indicada antibioticoterapia intravenosa para gestantes em trabalho de parto, que deve ser repetida a cada 4 horas ate o nascimento, de maneira que ela receba o tratamento pelo menos cerca de 4 horas antes do parto.
Porém a controvérsia reside em: testar ou não testar? Há evidência científica que comprove o benefício dessa intervenção? Há dois grandes guidelines mundiais que diferem diametralmente nesse assunto.
No próximo post, explico ambos e comento qual deles eu uso e o porquê.