Edema (inchaço) no colo pode sim interferir na progressão do trabalho de parto, podendo torná-lo mais longo, doloroso e difícil, mas não impossível. O que torna o parto impossível (e esse é o principal problema) é justamente a falta de paciência e conhecimento do profissional que assiste ao nascimento. Se mãe e bebê estiverem bem, a espera atenta e respeitosa, combinada a técnicas para ajuste da posição do bebê, pode seguir sem grandes problemas.
Cabe aqui destacar que geralmente o que torna o trabalho de parto distócico (e mais exaustivo) é justamente o que causou o edema de colo e não o próprio edema por si.
O edema de colo é causado, na enorme maioria dos casos, por mal posicionamento da cabeça do bebê. Se o feto estiver mal fletido ou assinclítico (tortinho), a cabeça acaba forçando “mal” o colo, de maneira assimétrica e desigual, podendo levar a mais desconforto e prolongar o trabalho de parto.
Existem maneiras de se ajudar a mulher nesse momento, a fim de que ela se desgaste menos e possa seguir com o trabalho de parto de maneira mais confortável. Contudo, é importante ter em mente que essa situação poderia sim se resolver sozinha, apenas esperando e observando.
1️⃣ O diagnóstico do mau posicionamento precisa ser bem feito. É necessário que o profissional assistente entenda de anatomia/fisiologia do parto e perceba exatamente onde a cabeça fetal está na pelve, para que possa sugerir adequadamente posições que favoreçam mais a abertura dos diâmetros da pelve em que a cabeça por ventura esteja, além de favorecer a rotação e descida do bebê;
2️⃣ Óleo de prímula para massagem no colo costuma funcionar bem; ainda que não existam evidências que sustentem o uso, tampouco há riscos. Embora empírico, realizado de maneira suave, sem gerar mais incômodo para a mulher, tal manejo costuma ajudar;
3️⃣ Gelo no colo também ajuda bastante, observamos ótimos resultados na prática. É feito de maneira simples, com gelo quebrado dentro de um dedo da luva e em contato com o colo por alguns minutos, trocando sempre que o gelo derreter;
4️⃣ A não ser que seja para massagem ou compressa de gelo, o toque não deve ser feito de maneira muito frequente, já que a adequação do posicionamento e a resolução do edema não se dão tão rapidamente assim (fora que toques de repetição também podem ser a causa e piora do edema);
5️⃣ Por fim, paciência, tanto para o profissional quanto para a gestante, é fundamental. É possível esperar enquanto mãe e bebê estiverem bem, no entanto, suporte físico e psicológico nesse momento são indispensáveis e pilares para o seguimento do processo. A conversa aberta e franca se faz necessária, pois é possível que a mulher resista a assumir posições diferentes da que ela se encontra – as que corrigem essa distócia são normalmente bem incômodas durante o trabalho de parto ativo.
Além de tudo que pontuei, a própria analgesia pode ser sim uma boa aliada neste tipo de caso e pode ajudar a resolver o edema de colo e dar um descanso pra mulher, além de proporcionar mais conforto para adotar as posições “necessárias”. Após a correção do posicionamento da cabeça e do próprio edema, pode-se aguardar o início dos puxos espontâneos, sem mais intervenções, após o término do efeito da analgesia.
Para fechar, o óbvio precisa ser dito: edema de colo NÃO É indicação de cesariana! Basta exercitar a paciência e ter conhecimento sobre a fisiologia do parto que tudo se resolve no devido tempo, com segurança. ✌🏻💪🏻