Sempre bato na tecla do quanto parir no nosso país é elitista e hoje, Dia Mundial do Aleitamento Materno, ouso dizer que amamentar também o é.
Amamentar exclusivamente, seguindo as premissas da OMS (exclusivamente por 6 meses e até no mínimo dois anos de idade, já após a introdução alimentar), dentro do contexto em que vivemos pode ser para poucas.
Bem como para parir, para amamentar é preciso apoio, informação e, talvez, um pouco de sorte. Acontece que o nascimento é um evento pontual, que em algumas horas (ou poucos dias) se resolverá. A amamentação dura meses (ou anos) e pode trazer incontáveis desafios para a mãe que a deseja de verdade.
Nosso contexto é povoado por forte pressão da indústria, pouco (ou nenhum) apoio social à mulher que amamenta – como amamentar por 6 meses de forma exclusiva se é preciso voltar a trabalhar quando bebê tem 4? -, pouco (ou nenhum) apoio familiar – quantas sogras, tias, primas, vizinhas falam do leite fraco, do bebê que chora de fome ou que é preciso ensinar o pequeno a ser independente logo? – e, finalmente, pouquíssimos profissionais realmente preparados para dar o devido suporte à família, trazendo informações atualizadas, dispondo de recursos e técnicas baseados em evidência para corrigir os problemas que por ventura possam aparecer.
Todo esse cruel cenário contribui para que seja quase impossível amamentar.
Contudo, esse texto não é para desanimar, pelo contrário. É para, como sempre, alertar sobre as armadilhas e guerras que terá de enfrentar pelo caminho e lembrar que é preciso se preparar para elas.
Amamentar, diferente do parto, é trajeto longo – e é possível mudar o rumo das coisas ainda que sua história tenha começado mal. É possível encontrar bons profissionais em Bancos de Leite, é possível acessar excelentes fontes de informação na internet, bem como grupos de apoio e defesa do aleitamento materno. Prepare-se para amamentar como você se preparou para o parto – talvez ainda mais. Eduque sua família, aprenda a fazer cara de alface pro pediatra (troque de profissional quantas vezes for preciso!), leia sobre ordenha e armazenamento de leite para seu retorno ao trabalho, troque as compras de mamadeira e chupeta por uma graninha pra consultora de amamentação (e outras profissionais, se preciso). Faça o que der, se der.
É difícil, mas é possível.
E você vai conseguir.
Vamos ajudar outras mulheres a conseguir também? Indique abaixo boas fontes de leitura e informação.
E viva o leite materno!