Existe um mito bastante comum que circula entre gestantes, mães e profissionais de saúde pelo Brasil: o de que o cordão umbilical enrolado no pescoço pode fazer mal ao bebê.
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Presente em torno de 30% dos partos, a circular de cordão não oferece risco para a enorme maioria dos bebês, já que pode acontecer ao longo de toda a gestação, ou seja, o bebê se enrola e se desenrola o tempo todo. E não é somente a região cervical (o pescoço) que pode ter a circular: pode ser um braço, uma perna, o corpo…
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Assim como o bebê se enrola facilmente, também se desenrola de maneira simples e, ainda que se descubra via ultrassom que há uma circular, é possível que não esteja mais no dia seguinte.
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O cordão umbilical é formado por tecido gelatinoso e flexível, que serve para proteger as estruturas vasculares que passam por dentro dele. Ele está naturalmente protegido contra compressões e nós e raramente são responsáveis por desfechos negativos – que costuma ser o maior medo das pessoas. Ainda que em raríssimos casos a compressão excessiva aconteça, não necessariamente terá sido o “cordão enrolado no pescoço”, já que também pode acontecer nas mãos do bebe, nos joelhos, na dobra do cotovelo etc.
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É importante lembrar que, até que nasça, as trocas gasosas do bebê são realizadas via cordão umbilical e que, apenas após o drive respiratório (promovido pela passagem do bebê do meio aquoso/líquido amniótico para o meio aéreo), o bebê inicia a respiração pulmonar. Por isso, é indiferente para a respiração do bebê se o cordão está enrolado no pescoço ou em outras partes de seu corpo. Ou seja, o cordão umbilical não “enforca” o bebê e não impede a respiração.
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De qualquer maneira, o achado de circular de cordão não altera em nada a conduta da equipe em relação ao parto – a monitorização é rigorosamente a mesma que a de um bebê que não tenha circular “diagnosticada”: vigilância fetal por parte da equipe com ausculta intermitente ou cardiotocografia contínua*.
Sendo assim, esse achado em ultrassom é totalmente dispensável e irrelevante.⠀⠀
*a cardiotocografia contínua não faz diferença no desfecho e costuma ser desconfortável e limitante para a mulher em trabalho de parto, por isso, prefere-se a ausculta intermitente.
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