Cordão umbilical curto prolonga ou impede o parto normal?

Esse papo sobre cordão curto sempre existiu, mas ganhou força aqui no perfil porque postei sobre um caso de expulsivo prolongado por conta de… cordão curto. Mas nem sempre o cordão curto influenciará em qualquer coisa a respeito do parto. Vamos lá:

Primeiro de tudo, precisamos saber se é possível “diagnosticar” o cordão curto ainda na gravidez – e a resposta é não. Em uma ultrassonografia de primeiro trimestre, com profissional experiente e equipamento de alta qualidade, se é possível visualizar quando o tamanho do cordão é adequado, mas se é impossível determinar com precisão o tamanho exato do cordão e bater o martelo de que é, de fato, curto. De qualquer maneira, essa informação não é muito relevante e habitualmente não consta nos laudos. Em ecografias em IGs mais avançadas, essa visualização subjetiva é ainda mais improvável e também não se traça nenhum tipo de conduta baseada nessa informação (ou falta dela).

Trocando em miúdos: não tem MESMO como saber exatamente o tamanho do cordão até que o bebê nasça.

E no que isso influencia em um trabalho de parto?

Em necessariamente nada! Por vezes, uma fase ativa ou expulsivo mais prolongado podem ter como influência diversos fatores, inclusive o tal cordão curto – sem que haja algo que se possa fazer a respeito, a não ser ter paciência, esperar e oferecer o habitual suporte ao parto e à mulher.

A conduta é exatamente a mesma que em qualquer parto: espera atenta, ausculta fetal intermitente (30/30 minutos ou 15/15 minutos na fase ativa e 5/5 no expulsivo). O que pode acontecer é haver alguma desaceleração não tranquilizadora (tardia ou mantida) que nos faça decidir por alguma intervenção, seja abreviar o período expulsivo ou operar – mas isso serve pra todo e qualquer parto e não apenas pelo cordão curto, do qual não teremos ciência até que nasça. Ainda, por vezes, pegamos uma frequência cardíaca fetal não tranquilizadora e sequer sabemos o motivo – e assim precisamos tomar alguma atitude e intervir.

Um bom acompanhamento obstétrico ao longo do parto, portanto, é o suficiente para garantir a boa vitalidade fetal ao nascimento na quase totalidade dos casos.

Um cordão curto vai necessariamente atrasar o trabalho de parto e fazê-lo mais prolongado? NÃO! Conforme o TP vai avançando, o útero contrai e empurra o bebê para baixo, esticando o cordão umbilical cada vez mais, até que se atinja seu limite elástico (e o cordão é beeeeeeem elástico!). Ainda, não há registros de mais ou menos tempo de trabalho de parto associados a tamanho de cordão.

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