Um dos grandes desafios no manejo da HPP é seu diagnóstico em tempo hábil, o que abrange estimativa correta e precoce da perda sanguínea, possibilitando pronto tratamento e diminuindo riscos maternos.
Para diagnosticar e estimar a perda de sangue, diversas abordagens estão disponíveis, incluindo avaliação visual subjetiva, pesagem de compressas, dispositivos coletores e parâmetros clínicos. O Índice de Choque, que relaciona a frequência cardíaca com a pressão arterial, é amplamente utilizado atualmente, embora possa ser um indicador tardio. Quando esse índice se altera, sugere que o choque hipovolêmico já está estabelecido, o que pode afetar o prognóstico da paciente.
Pacientes jovens e saudáveis (maioria das gestantes) usualmente só manifestam sinais de instabilidade após perdas volêmicas superiores a 20%. Contudo, pacientes com anemia ou pré-eclâmpsia, por exemplo, tendem a tolerar menores perdas sanguíneas.
Por esses motivos, não se justifica aguardarem-se sinais clássicos de instabilidade hemodinâmica para se iniciar tratamento.
A regra é clara: na suspeita de sangramento aumentado, independente do método de identificação utilizado, a abordagem terapêutica deve ser sempre IMEDIATA e focada na CAUSA da hemorragia (70% relacionada à atonia uterina, cujos principais fatores de risco citamos 2 posts atrás), ao mesmo tempo em que se institui o tratamento clínico propriamente dito.
Quanto ao tratamento, instalam-se acessos venosos para infusão de cristalóides (“soro”), uso de medicamentos uterotônicos (ocitocina é a primeira escolha) e ácido tranexâmico, conjuntamente com massagem uterina bimanual (se atonia for mesmo a causa), monitorização cardíaca e oxigenoterapia.
O tratamento deve ser dinâmico, multidisciplinar (obstetra, anestesista, enfermeira) e com checagens de resposta a cada 5’, podendo evoluir para outras medidas não cirúrgicas e em última instância cirúrgicas (até mesmo retirada do útero) podem ser necessárias caso não haja melhora do quadro.
Por último, a transfusão sanguínea não deve ser atrasada e deve ser realizada tão logo haja indicação, sem se aguardar resultados de exames laboratoriais.
Lembrem-se: hemorragia M4T4.