A maioria dos obstetras orienta duas consultas pós-parto – e muitos deles oferecem a primeira delas como retorno do parto, o que é opcional. Esse primeiro retorno deve ser preferencialmente realizado entre 10 e 20 dias, se parto normal sem maiores complicações e 7-10 dias se cesariana, periodicidade essa que também depende de como se sucedeu o parto, se houve intercorrências importantes e quais foram os detalhes daquele caso.
Nessa primeira consulta, além de naturalmente questionar sobre eventuais queixas existentes, observa-se:
- Se a amamentação se encontra bem estabelecida (e encaminha-se, se necessário);
- Se a mama está muito ferida (demanda alguma intervenção?);
- Se há algo que se possa ajudar ou corrigir na amamentação;
- Em caso de parto normal: avaliação do períneo e do processo de cicatrização perineal, ainda inicial – tendo tido laceração e pontos ou não;
- Em caso de cesariana: avaliação da ferida operatória e cicatrização;
- Sinais de infecção ou deiscência (abertura) de sutura;
- Avaliação de lóquios (sangramento pós-parto), que deve ter aspecto e odor habituais.
Nessa primeira consulta, também é importante abrir espaço para uma conversa sobre o parto, saber se a mulher já digeriu o processo, entender o que ela percebeu, como se sentiu, se ficou satisfeita com a experiência (ou não), se restaram dúvidas a respeito de alguma intervenção, procedimento ou mesmo particularidades sobre todo o evento . Se o nascimento aconteceu via cesariana, ela deve ter novamente a chance de entender e tirar dúvidas sobre a indicação da cirurgia e saber se algo poderá impactar em uma próxima gestação ou parto.
Ainda, se houve alguma condição/intercorrência na gestação, como hipotireoidismo, diabetes gestacional ou hipertensão, avaliam-se o peso e a pressão arterial e são solicitados exames a serem realizados usualmente a partir da 6ª semana pós-parto e avaliados pelo assistente na segunda consulta.
Já na segunda consulta, em geral realizada entre 40-60 dias após o parto, o foco principal é a discussão a respeito de métodos contraceptivos, que devem ser ponderados a partir daquele momento. Embora sejam minoria, algumas mulheres voltarão a ciclar muito cedo e poderão engravidar novamente caso ainda não se tenha iniciado algum método. Não é obrigatório que se escolha imediatamente (no mesmo dia) algum método, mas ali serão discutidas as opções e combinados os próximos passos. Ainda nesse segundo encontro, avalia-se novamente o períneo ou a cicatriz operatória, provavelmente já em fase de cicatrização final, embora ainda não se assumida a configuração anatômica definitiva.
Por fim, após essas duas consultas pós-parto, a mulher recebe alta obstétrica e só precisa voltar para consulta ginecológica de rotina – que não precisa ser realizada todo ano se não houver queixas ou sintomas que demandem exame físico (lembrando que o preventivo só é realizado de 3 em 3 anos, no geral), uma vez que não existem evidências consistentes que demonstrem qualquer proteção a mais em periodicidade menor de visitas ao consultório ginecológico.