Questão simples, mas que gera muitas dúvidas e histórias fantásticas contadas por aí: o cálculo da idade gestacional que ajuda a projetar a janela mais provável de datas pro nascimento do bebê é cheio de mitos.
Para fins de cálculo da idade gestacional, convencionou-se usar a data da última menstruação (DUM). O primeiro dia de sangramento é considerado, portanto, o primeiro dia da gestação – obviamente sabemos que a mulher não estava grávida nesse dia; é apenas uma convenção algo confiável, desde que ela tenha esse controle e um ciclo regular (sangramentos leves, “spots” não contam!).
A primeira ultra suporta ou refuta essa datação, principalmente quando se trata de exame precoce de primeiro trimestre (até 13 semanas). No caso de ter os dois dados, considera-se a DUM quando a diferença entre ela a ultra for de, no máximo, uma semana. Caso só se tenha ultra de segundo trimestre, a DUM ainda é considerada com base em uma diferença inferior a duas semanas entre os cálculos.
Com base nessas informações, existem vários aplicativos que ajudam no cálculo da previsão do nascimento, tanto para profissionais quanto para leigos. Eles servem para o acompanhamento da idade gestacional e evolução saudável da gravidez e a data provável (DPP) apontada é a de 40 semanas, por volta da qual é provável que o bebê nasça.
Saibam que a maioria das mulheres irá entrar em trabalho de parto espontâneo entre 39 e 41 semanas – sendo que é perfeitamente possível que várias delas entrem em TP de maneira fisiológica e natural de 37 a 42 semanas, e tudo bem!
Por que, então as mulheres (familiares, profissionais, sociedade em geral) ficam tão focadas no nascimento às 40 semanas?
Essa expectativa é cultural e muito influenciada por contos e historinhas que circulam entre parentes e conhecidas e, ainda, pela própria pressão de profissionais que não atuam com base em evidências científicas. Em português claro: fica todo mundo achando que o bebê estará “passando do tempo” e correndo sérios riscos caso a gestação passe de 40 semanas. Para piorar, muitas mulheres temem a indução farmacológica do parto, principalmente as que serão atendidas no SUS, que tem por protocolo internar e induzir às 41 semanas. Parece que o nascimento até as 40 semanas é questão de segurança.
E não é.
Importante ter em mente que essas contas são apenas previsões, que podem não ser precisas – aliás, é por isso que bebês nascidos de cesarianas eletivas podem nascer prematuros e tem mais chance de precisar de UTI. O que garante mesmo o nascimento na hora certa, com maturidade fetal garantida, é a deflagração espontânea do trabalho de parto no termo, que deve ser pacientemente aguardado, desde que se garanta adequada vigilância, através de um pré-natal de qualidade.
Relaxe que o bebê nascerá na hora certa!