Artéria Umbilical Única – se esse nome aparece no laudo da ultrassonografia, é mais do que comum do que a gestante se apavore. Mas fique calma! Entender o que acontece e como funciona nosso corpo é importante justamente para não temer o que não é necessário.
O cordão umbilical tipicamente contém duas artérias e uma veia. A artéria umbilical única (AUU) é definida por apenas dois vasos no cordão umbilical: uma artéria e uma veia. Isoladamente trata-se apenas de uma variação anatômica, mas também é uma condição que pode estar associada a anormalidades fetais, como aneuploidias, cromossomopatias etc. O importante deste achado é justamente alertar o profissional assistente para a necessidade de maior vigilância e investigação durante o pré-natal.
Geralmente, o diagnóstico de AUU é ultrassonográfico que costuma ser feito na ultra morfológica do segundo trimestre. No geral, a incidência é de aproximadamente 0,5% das gestações, mas sabemos que é mais comum em gestações gemelares, por exemplo, nas quais a incidência pode chegar a 1,7%. Sabemos também que ela é um pouco mais frequentemente encontrada em desfechos negativos, como óbitos fetais, abortos e autópsias – em torno de 2,3%. Parece haver risco aumentado desse achado se repetir em gestações subsequentes – mas como é algo isolado não muda o risco para as próximas gestações (se se mantiver isolado, claro).
Como dito antes, isoladamente, o achado da AUU não parece mudar o prognóstico fetal, não está relacionado a maus desfechos neonatais e nem significa risco a mais para o bebê. O problema é que, como ela pode estar relacionada a má formações congênitas, torna-se ainda mais relevante o pré-natal de ótima qualidade e um bom rastreio ultrassonográfico de segundo trimestre (morfológica), preferencialmente por um médico fetal. Quando a AUU é encontrada, portanto, o bebê, a placenta e o cordão umbilical devem ser amplamente rastreados, com olhar cuidadoso e treinado, em busca justamente de má formações e/ou anomalias. Nesse sentido, o ecocardiograma fetal só está indicado caso haja alguma outra alteração além da artéria umbilical única.
Importante destacar que a presença de AUU não indica cesariana! Não há nenhum sentido recomendar a cirurgia em um caso como este, por uma variação anatômica sem repercussões para mãe ou bebê. Inclusive não só é possível como é recomendado aguardar o trabalho de parto normalmente, sem necessidade de interrupção precoce da gestação ou maior vigilância (além do já preconizado) durante o TP.