A verdade sobre Shake Indutor (óleo de rícino)

Eu sei que você está louca pra ver logo a carinha do seu bebê e não aguenta mais o desconforto do fim da gestação. 

E embora você saiba que o bebê tem o tempo dele, tá aí na Internet procurando maneiras naturais de acelerar logo esse parto e deve ter ouvido falar desse shake indutor com óleo de rícino, embora ele possa ser usado puro. 

Será que você pode usar? É seguro? Como funciona? Tem evidência científica?

O “princípio ativo” desse shake é o queridinho atual da indução não-farmacológica: óleo de rícino. Ele vem sendo usado com o objetivo de diminuir internação precoce e também o tempo de indução hospitalar.

Apesar desse óleo extraído da mamona já ser usado desde o Egito Antigo para estimular contrações, não existem estudos bem desenhados o suficiente que comprovem sua eficácia como indutor do parto. Mas calma… Por ser um método muito provavelmente seguro (pelo que temos até o momento), sem grandes contraindicações e complicações, pode ser uma alternativa em gestações que necessitam de interrupção (seja por atingirem 41s ou por motivo clínico não urgente que a justifique).

Como nem tudo são flores e não existe almoço grátis, as contrações uterinas causadas pelo óleo de rícino são na verdade uma espécie de efeito colateral de seu efeito laxante (o óleo puro é mais vendido com tal objetivo). Ou seja, a musculatura lisa intestinal é estimulada e, em paralelo, também a musculatura lisa uterina, levando a cólicas intestinais e uterinas. 

Na minha prática médica, faço uso do rícino para estímulo ao parto há anos, com razoável frequência, em decisão compartilhada e em cenário particular de assistência 1:1, sob devida orientação e seguimento próximo, especialmente de maneira pré-hospitalar.

Tenho obtido excelentes resultados em se falando de diminuição de taxas de internação hospitalar e, em se falando de cesariana, há muitos anos não opero uma falha de “indução”.

Induções assistidas diretamente por mim há tempos não são prolongadas ou cansativas demais e tampouco tive complicações a respeito. 

O óleo de rícino funciona em toda paciente?

Não! É lógico que não podemos desprezar a individualidade e o fato de que obviamente gestações mais avançadas tem muito mais chances de evoluir para parto sem mais intervenções do que gestações mais precoces, com colos menos maduros e menos receptores de prostaglandinas e ocitocina, os hormônios do parto.  

Cuidado no uso!

Nesse post fiz um relato profissional PESSOAL do uso do óleo e NÃO recomendo usá-lo sem indicação real de interrupção da gestação e, pior, sem acompanhamento próximo responsável.

Além de poder estar se sujeitando a riscos sozinha, ele pode simplesmente não funcionar e você sofrer os efeitos colaterais, como diarreia, vômitos e desidratação, sem a presença de uma equipe que sabe exatamente como prevenir e manejar os principais efeitos colaterais.  

IMPORTANTE

  • Automedicação pode acarretar riscos e complicações desnecessárias;
  • Induzir o parto deve ser uma decisão em conjunto com o médico obstetra levando em consideração a saúde materno-fetal;
  • É imprescindível tomar decisões informadas e seguras durante a gestação.

Procure orientação de profissionais para saber se o óleo de rícino é indicado para você!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *