“A INFORMAÇÃO É ARMA”.
Uma leitora comentou isso no meu post sobre parto pelo plano de saúde. Ela dizia que chegou ao plantão do plano bem informada e, com uma pitada de sorte, conseguiu parir da maneira que desejava. Isso é ótimo, mas sejamos honestas: não é o suficiente e experiências pessoais não funcionam como estatística. Ou seja, não é porque alguém teve um parto bacana de forma improvável que aquilo se torna possível para todas ou mesmo para a maioria.
Teve também quem reclamasse do tom do post, dizendo ser negativo e que eu deveria utilizar a influência que tenho (?) para partilhar boas informações sobre como chegar no parto desejado. Quem me acompanha sabe que eu faço isso sempre, mas às vezes me dá um desânimo ver tantas histórias tristes repetidas… e repetidas. O problema está no SISTEMA e não na escolha das mulheres, não está em médico X ou Y e também não está apenas na realidade financeira de cada uma. É uma questão multifatorial que nos afasta sobremaneira de uma assistência mais humanizada.
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Mas ok, a leitora lá do começo do post tinha razão e é preciso apoiar quem está grávida agora, sem tempo de esperar transformações acontecendo à galope no sistema. Nesse sentido, a informação é realmente uma arma. Não é a única e, em alguns casos, não será suficiente, mas sem ela… é impossível.
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Como, então, tentar ao máximo fugir das estatísticas e aumentar a chance de um parto respeitoso, para ALÉM da boa informação?
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– Se você tem bons recursos financeiros e plano de saúde: considere com carinho pagar por uma assistência particular completa (equipe + doula), nem que seja na cidade vizinha. Grande parte dos planos reembolsa uma parte desse investimento. Além disso, existe restituição do Imposto de Renda para gastos com saúde e provavelmente você conseguirá receber de volta uma parte do valor investido na equipe;
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– Se você tem recursos financeiros medianos e plano de saúde: você pode tentar a opção acima contando com reembolsos e devoluções ou pelo menos investir em uma doula. Junto com informação de qualidade, suas chances aumentam. Em algumas cidades, fazer o pré-natal pelo plano/particular e usar o SUS para o parto + presença de doula pode ser uma ótima opção;
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– Se você tem poucos recursos financeiros e necessariamente irá usar o SUS: pesquise na sua cidade pela maternidade com melhor atendimento e assistência ao parto normal. Caso haja doulas na sua região, busque pela assistência daquelas que estejam em começo de carreira ou que ofereçam serviço voluntário – é possível conseguir atendimento gratuito ou com valores mais acessíveis ou com pagamento facilitado (caso seja possível na sua realidade pagar por alguma coisa, é claro);
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– Se a sua cidade não tem recursos, se você mora bem no interiorzão e só tem uma (ou nenhuma) maternidade do SUS, sabidamente tenebrosa, sem EOs de plantão, talvez a opção de parir pelo plano não seja mesmo tão ruim assim. Mas a opção de parto domiciliar, se sua gestação for de risco habitual, também existe (pra todas as realidades acima, inclusive), caso haja equipe de EOs/parteiras na sua cidade. ⠀
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O que acho, acima de tudo isso, é que toda a força dos comentários que vi no post anterior é maravilhosa. Me fez ver que cada uma de nós, cada uma dentro de sua possibilidade e realidade, é capaz de mover algo para ajudar no todo e mudar a realidade do parto no Brasil. Como? Compartilhando informação, contando sobre as descobertas, indicando bons profissionais, conversando por inbox com mulheres da mesma região, apoiando quem está nessa jornada e, se possível, atuando no fortalecimento do SUS e no fortalecimento da atuação da Enfermagem Obstétrica – vou falar mais detalhadamente sobre isso no próximo post. Essa rede é potente e poderosa!
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E a informação é mesmo uma arma.