Dentro do protocolo de assistência pré-natal do SUS, recomenda-se que todas as mulheres que chegam às 41 semanas de gestação internem e iniciem a indução do parto (ou sejam encaminhadas diretamente para cesariana, quando necessária). Antes de se desesperar, entenda: este é um protocolo pensado para abranger uma ampla parcela da população atendida pelas maternidades públicas e que não contam com uma individualização de conduta e tampouco com uma assistência 1:1. Essas gestantes não dispõem de seguimento pré-natal amiúde e vigilância fetal mais próxima como recomendado a partir de 41s e, por isso, é mais seguro – nessa visão amplificada – que a mulher seja internada nessa IG e que se inicie o processo de interrupção da gestação, enquanto mãe e bebê são vigiados em ambiente intrahospitalar. Ainda, a depender do volume de gestantes absorvido na maternidade de referência, existe uma “fila” a ser encaminhada da enfermaria para o CPN para início de indução.
No entanto, sabemos que gestações podem chegar a 42 semanas ou mais, desde que assistidas de maneira individualizada, em corresponsabilidade com a gestante e família, que obviamente tenham sido prévia e corretamente informados sobre riscos e benefícios. Vale lembrá-los também que boa parte dos bebês que atingem as 42 semanas não terão na realidade toda essa IG – eles simplesmente precisavam de mais tempo (quem aí chegou às 42s e teve um capurro bem menor?)
Parece-me importante ressaltar que aproximadamente 15% das gestações chegam às 41 semanas e 5% às 42 – uma parcela considerável de mulheres. Muitas dessas irão passar de 41 semanas simplesmente porque seus bebês não estão prontos para nascer, o que se comprovará ao nascimento pelo método Capurro, avaliação pediátrica precisa da IG, baseada em características físicas e neurológicas do bebê, que determina sua maturidade final.
Existem diversas maneiras de se estimular o início do trabalho de parto em mulheres que estão atingindo seus limites de idade gestacional e tem um repost aqui no feed super completo a respeito – vale a leitura.
