1️. A episiotomia é um corte realizado contra o direcionamento das fibras musculares do períneo, cortando pele, mucosa e músculo (episio clássica). Além de não dar a chance de o organismo da mulher NÃO LACERAR NADA (não sofrer nenhum tipo de corte) ou de ter uma laceração menos grave (o que é infinitamente mais comum), piora a recuperação pós-parto, agrega riscos e pode causar sequelas por toda a vida. Caso ocorra laceração espontânea, esta costuma ser menos extensa, menos dolorosa, menos grave (graus 1 ou 2) e em localização a favor do direcionamento das fibras do períneo (chamamos de mediana), o que é muito mais fisiológico e de recuperação muito melhor, na grande maioria dos casos sequer demandando sutura/rafia;
2️. Ela não ajudará seu bebê a nascer mais rápido, nem se ele for “grande”. A episiotomia consiste em cortar tecidos moles e não é isso que “prende” o bebê. O que, por ventura, pode estar arrastando o período expulsivo do parto é a parte óssea (materna e/ou fetal) o que pode ser resolvido com sugestões de posturas e exercícios – ou mesmo com indicação de cesariana (em geral, raramente necessária se o bebê está bem e se a equipe tem a paciência necessária). Dificilmente um períneo é rígido o suficiente para arrastar sobremaneira um parto e, ainda que isso aconteça, o bebê acaba por passar, nasce normalmente e o mais provável é que a laceração seja muito menor que a episiotomia;
3️. Não previne lacerações graves, simplesmente porque não se é possível prever se o períneo rasgará muito ou pouco. O que previne laceração grave é deixar que o parto ocorra da maneira mais espontânea possível, hands off, natural, na posição que a mulher escolher. É imperioso reservar as intervenções médicas para quando forem realmente necessárias e não basear as decisões do parto na nossa simples agonia de fazer alguma coisa – e, acreditem, médicos são formados assim.
Sequer entrarei no mérito de que todo procedimento médico deve ser realizado SOB CONSENTIMENTO e, em se havendo benefício claro para tal, o que claramente não é o caso da episiotomia e a ciência já provou isso.